Ataque a helicóptero militar traz à luz problemas do Afeganistão

O devastador ataque a um helicóptero dos Estados Unidos no leste do Afeganistão no fim de semana aumentou a atenção sobre a dura realidade de que mesmo agora, no auge da presença de tropas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e não muito longe da capital do Afeganistão, grandes extensões do país permanecem perigosas e fortemente infiltradas por insurgentes.

A província de Logar, que fica ao sul da capital, e a província de Wardak, que fica a oeste, são portas de entrada para Cabul. Foi exatamente lá, em um vale que atravessa as duas províncias, que os insurgentes derrubaram um helicóptero Chinook na madrugada de sábado, matando 30 americanos, incluindo 22 membros de uma equipe de elite militar do Navy Seal, sete comandos afegãos e um intérprete.

Ambas as províncias, bem como Kunar e Nangahar, localizadas no leste, têm ficado cada vez mais inseguras, mesmo com a Otan aumentando o número de soldados em todo o país.

"Não foi tão ruim em Logar dois anos atrás, mas recentemente a situação tem piorado dramaticamente", disse Nafisa Hejran, membro do Conselho Provincial de Logar, que há duas semanas recebeu uma ameaça de morte por rebeldes ordenando que pare o seu trabalho. Ela disse que a maioria dos membros do conselho provincial de Logar já não participa das reuniões do conselho porque o caminho de volta para suas casas é perigoso ou porque não há lugar seguro para ficar quando chegam ao local.

Poder insurgente

O ataque ao helicóptero foi um lembrete da capacidade dos insurgentes de se consolidar em quase qualquer lugar que o governo afegão seja fraco, ausente ou odiado por sua corrupção.

Apesar de todos os aumentos de forças da Otan, os soldados não podem atuar constantemente em todas as aldeias e vales, e muitas vezes quando o fazem, suas patrulhas noturnas e invasões nas casas das pessoas suscitam ressentimentos, disseram muitas pessoas entrevistadas em Logar na semana passada.

Oficiais do governo afegão, oficiais militares americanos e moradores de Logar e Wardak disseram repetidamente que vários distritos em ambas as províncias – incluindo o distrito de Saydabad da província de Wardak, onde o helicóptero caiu – não estão mais sob controle do governo, exceto nos centros distritais.

As autoridades locais evitam discutir a profundidade do problema e insistem que a situação é ruim, principalmente porque as forças dos Estados Unidos e do Afeganistão têm procurado os insurgentes em redutos em sua montanha pela primeira vez, provocando-os a revidar.

"Há menos talebans este ano, mas eles são mais ativos", disse Shuja Oudins, vice-governador de Logar.

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