França eleva orçamento de defesa após ataques em Paris

O presidente francês, François Hollande, anunciou nesta quarta-feira (29/04) que o país vai destinar mais 3,8 bilhões de euros para o seu orçamento de defesa ao longo dos próximos quatro anos. O aumento, que passa a valer em 2016, é uma resposta a ameaças extremistas depois dos recentes ataques em Paris e também servirá para manter as missões francesas no exterior.

Durante o anúncio, Hollande disse que as patrulhas militares de emergência, posicionadas perto de possíveis alvos terroristas depois dos ataques de janeiro, passarão a ser permanentes, com uma força de 7 mil soldados dedicados à segurança interna. Os atentados do início deste ano, ao jornal satírico Charlie Hebdo e a um supermercado judaico, deixaram 17 mortos na capital francesa.

"Segurança, proteção e independência são princípios inegociáveis, porque está em jogo a força dos nossos valores", disse Hollande, ao final de uma reunião com conselheiros de defesa do governo. O líder francês acrescentou que "a França enfrenta fortes ameaças, tanto dentro como fora de seu território".

Inicialmente, o governo havia dito que manteria seu orçamento de defesa no nível atual, de 31,4 bilhões de euros por ano. O país luta para conter gastos e colocar seu orçamento em linha com os critérios da União Europeia (UE).

As novas medidas afetam uma decisão anterior, de corte de pessoal na área de defesa. Ao menos parte dos postos a serem cortados deverá agora ser mantida. "É um esforço significativo. Tomei essa decisão pela França, para sua proteção e segurança", afirmou Hollande.

Fora os soldados mobilizados dentro da França, devido aos temores de ataques terroristas, militares franceses têm atuado em várias frentes nos últimos anos. Há 10 mil soldados estacionados na África e outros 1,5 mil no Oriente Médio.

Líderes militares disseram que, com o orçamento congelado e com cortes de pessoal, o país teria dificuldades para executar uma operação militar semelhante à intervenção no Mali, em 2012.

Hollande não especificou de onde vai sair o dinheiro para o aumento no orçamento de defesa. Uma fonte ligada ao governo disse à agência de notícias Reuters que serão necessários 600 milhões de euros em 2016, 700 milhões em 2017, 1 bilhão em 2018 e 1,5 bilhão de euros em 2019.

Nova agenda de segurança da UE

Nesta quinta-feira, a Comissão Europeia apresentou em Estrasburgo uma nova agenda de segurança para o período de 2015 a 2020, focada no combate ao terrorismo e na prevenção da radicalização de jovens, além da luta contra a criminalidade organizada e a cibercriminalidade.

A nova agenda, apresentada ao Parlamento Europeu, substitui a estratégia anterior, adotada em 2010 e vigente até 2014, e define instrumentos e medidas concretas a serem aplicados para garantir a segurança. As novas medidas também devem ajudar a UE a enfrentar melhor as ameaças identificadas pela Comissão Europeia, sendo a principal o terrorismo, cuja dimensão "não tem precedentes".

O braço executivo da União Europeia sugere, como uma das principais medidas, a criação de um centro para evitar a radicalização. A ideia é recolher e difundir conhecimentos especializados sobre o combate à radicalização, utilizando como base a Rede de Sensibilização para a Radicalização (RSR), uma rede em nível europeu lançada em 2011.

Segundo a Comissão, isso "permitirá reforçar o intercâmbio de experiências entre os profissionais diretamente envolvidos na prevenção da radicalização e do extremismo violento em nível local".

Entre as medidas propostas na agenda estão ainda o estabelecimento de um quadro jurídico mais eficaz para lidar com o fenômeno dos "combatentes estrangeiros". Também está previsto o lançamento de um fórum com as principais empresas do setor de tecnologia da informação para combater a "propaganda terrorista na internet e nas redes sociais e explorar formas de abordar as preocupações das autoridades policiais quanto às novas tecnologias de criptografia de dados".

Outras medidas incluem uma maior cooperação entre as autoridades competentes na Europa. A Comissão sugere também criar um Centro Europeu Contra o Terrorismo, que ajudaria a Europol a intensificar o apoio à ação das autoridades policiais nacionais contra os "combatentes terroristas estrangeiros", o financiamento do terrorismo, os conteúdos extremistas violentos na internet e o tráfico ilícito de armas de fogo.

A Comissão instou o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu (que reúne os líderes dos países-membros) a aprovarem a nova estratégia.

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