Dinamarca pode se tornar alvo de mísseis russos, adverte embaixador

Em artigo de opinião para o jornal dinamarquês Jyllands-Posten, neste sábado (21/03), o embaixador russo em Copenhague, Mikhail Vanin, comentou que o país poderá ser alvo de mísseis nucleares, caso participe do sistema de defesa antiaérea da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"Acho que os dinamarqueses não compreendem plenamente as consequências de a Dinamarca aderir à defesa antimísseis liderada pelos Estados Unidos", escreveu o diplomata. "Se isso acontecer, os navios de guerra dinamarqueses se tornam alvos dos mísseis nucleares russos."

As declarações suscitaram reação irada do ministro dinamarquês do Exterior, Martin Lidegaard, que classificou as ameaças de Vanin como "inaceitáveis" e "totalmente fora de proporção". "A Rússia sabe muito bem que o escudo antimísseis da Otan é defensivo, e não está direcionado contra ela", explicou.

Mette Gjerskov, presidente da Comissão Parlamentar de Política Estrangeira da Dinamarca, declarou à agência de notícias francesa AFP que os comentários do embaixador russo são "muito ameaçadores e desnecessários".

Pedra no sapato do Kremlin

O escudo antimísseis, iniciado em 2005 e que deverá estar operando plenamente em 2025, tem sido um constante pomo de discórdia entre Moscou e a Otan, pois o Kremlin o considera uma ameaça para o equilíbrio estratégico do continente. A Aliança Atlântica rebate que a rede de radares e armamentos oferecerá, a seus países-membros europeus, proteção contra os assim chamados "Estados renegados".

Em agosto de 2014, a Dinamarca concordou em contribuir com pelo menos uma fragata com capacidade de radar avançada para o escudo da Otan, que já inclui navios de guerra com potencial antimíssil na Espanha, sistemas antimísseis na Turquia e interceptadores de mísseis na Romênia.

O sistema europeu de defesa da Otan mantém seu quartel-general na Alemanha e planeja estabelecer bases na Polônia e na Romênia, o que desagrada Moscou seriamente.

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