Chile: esforço de desminagem ambicioso

Carolina Contreras

Unidades especiais do Exército e da Marinha do Chile foram mobilizadas em todo o país com a meta de intervir em 22 áreas minadas e destruir 19.000 explosivos terrestres em 2015.

O Chlie lançou a iniciativa para cumprir um compromisso assinado na Convenção de Ottawa de 1997, que proibiu a fabricação, o uso e o armazenamento de explosivos terrestres antipessoais e previu a remoção de minas instaladas.

De acordo com a Convenção de Ottawa, os países signatários tinham um prazo inicial de 10 anos para cumprir o plano de desminagem, mas em 2012 o Chile obteve uma extensão de oito anos, com um novo prazo previsto para terminar em 2020.

O Exército e a Marinha destinam US$ 5 milhões por ano ao Plano de Desminagem Humanitária. Em 2014, os militares desativaram 17.000 minas em 27 regiões.
 

Um esforço de desminagem ambicioso

O objetivo global do Plano de Desminagem Humanitária do Chile é desmantelar 85.921 minas antipessoais e antitanques instaladas em 112 campos minados — cobrindo uma área de 12,4 milhões de metros quadrados — ainda precisam ser desativadas.

“Estamos em bom caminho”, diz o o ministro da Defesa, Jaime Burgos, que também é presidente da Comissão Nacional de Desminagem (CNAD). “Não se trata apenas do compromisso de uma obrigação jurídica, mas também de um dever moral de poder dizer, o mais breve possível, que o Chile é um país livre de minas terrestres.”

Em fevereiro, o Exército e a Marinha haviam destruído 95.893 minas antipessoais e antitanques, de um total de 181.814 dispositivos instalados nas regiões fronteiriças no norte e no sul do Chile, de acordo com a CNAD. Esses números indicam uma taxa de 52% de conclusão do plano e a limpeza de 10,8 milhões de metros quadrados, o que corresponde a 88 campos minados.

“Além de minas antipessoais, o plano nacional agregou minas antitanques, cuja eliminação não foi exigida pelo acordo”, diz Mendoza.

Em 2014, o Chile desmantelou mais de 6.000 minas terrestres ao longo da fronteira com o Peru. Cerca de 70 soldados especializados do Exército continuam a remover artefatos explosivos. A meta é desativar mais de 71.000 minas até 2020. Além disso, o estoque de explosivos armazenados nas instalações do Exército foi completamente destruído em 2003, bem antes do fim do prazo.

“Avançamos a um ritmo de 10% ao ano, o que nos leva a crer que cumpriremos o prazo”, diz o coronel Juan Mendoza, secretário-executivo da CNAD.

A Comissão Nacional de Desminagem foi criada em 2002, quando o Chile ratificou o acordo internacional. O órgão multissetorial é responsável pela coordenação do trabalho de remoção de minas. Opera no âmbito do Ministério da Defesa e inclui as secretarias de Relações Exteriores, Economia e Saúde, além do Chefe do Estado-Maior da Defesa Nacional e dos comandantes das Forças Armadas.]
 

Maioria das minas foi instalada no norte do país

Os esforços de desminagem buscam destruir as minas espalhadas nos anos 70 ao longo das fronteiras do país com o Peru e a Bolívia, no norte, e com a Argentina, no sul.

A maioria das minas – precisamente 161.439 – foi instalada nas regiões de Arica, Parinacota e Antofagasta, no norte do país. O restante se encontra na região de Magallanes, no extremo sul.

Um contingente de 200 soldados do Exército, devidamente preparados e equipados, realiza boa parte do trabalho de desminagem sob condições extremas, inclusive no deserto e nas altas montanhas do norte do Chile.

“Essas áreas estão longe da vida urbana, com altas temperaturas, onde grandes distâncias devem ser percorridas diariamente. Eles vivem em acampamentos ao longo do ano, sob as condições mais adequadas possíveis”, diz Mendoza.

Já a Marinha, que participa do Plano de Desminagem desde 2008, concentra seus esforços em cinco ilhas do sul do Chile, entre elas Isla Nueva, Isla Picton e Isla Hornitos. Há 17 campos minados com 3.492 explosivos a serem eliminados nas cinco ilhas; 23% do trabalho foi concluído, de acordo com o capitão Erich Von Unger, responsável pelo plano.

Os 55 fuzileiros navais que realizam a desminagem podem trabalhar apenas no verão, de setembro a março, devido às baixas temperaturas e às fortes chuvas que caem no resto do ano.

“É um tema complexo porque a área é muito isolada, o que exige assistência da Força Aérea para o transporte sob condições climáticas muito adversas, como neve, chuva e ventos”, diz Von Unger.
 

As vítimas

A Convenção de Ottawa também exige que os países cuidem das vítimas dos campos minados existentes. Além de oferecer assistência e reparar os danos, os países devem educar suas populações.

“Acreditamos que é viável implementar maiores medidas de segurança para mitigar os riscos iminentes trazidos por esses explosivos”, diz Elir Rojas, geólogo e diretor da ONG Zona Minada, que acompanha o tema.

Até hoje, 177 vítimas – incluindo civis e soldados – foram mortas ou mutiladas pela detonação acidental de uma mina terrestre no Chile.

 

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter