O secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, renunciou, anunciaram autoridades americanas nesta segunda-feira (24/11). Após dois anos no cargo, ele vinha recebendo fortes críticas pelas campanhas no Afeganistão e contra o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI), no Iraque e na Síria.
Hagel, de 68 anos, confirmou sua renúncia após longas discussões com o presidente Barack Obama, iniciadas em outubro. Obama aceitou a saída do secretário e deve fazer um anúncio oficial ainda nesta segunda-feira.
"Um sucessor será nomeado em breve, mas o secretário Hagel seguirá como secretário de Defesa até que sua substituição seja confirmada pelo Senado", disse um oficial da administração Obama.
A Casa Branca não deu pistas de quem pode vir a ocupar o cargo, mas o The New York Timesapontou três candidatos: Michele Florunoy, ex-subsecretária de Defesa; Jack Reed, senador de Rhode Island e ex-militar; e Ashton Carter, ex-vice-secretário de Defesa.
Ainda como senador republicano, Hagel votou a favor da invasão do Iraque, em 2003. Mais tarde, ele passou a criticar o longo conflito que se seguiu. No ano passado, foi encarregado por Obama de supervisionar a retirada das forças americanas do Afeganistão.
A experiência de Hagel como senador e veterano da Guerra do Vietnã foi vista como um ponto forte quando ele assumiu o cargo de secretário de Defesa, mas suas aparições públicas muitas vezes pareceram desajeitadas ou abaixo do esperado em meio à luta do governo dos EUA para se adaptar a novos conflitos.
LPF/afp/rtr
UPDATE: Abaixo você confere o pronunciamento oficial do ex-secretário de Defesa Chuck Hagel, divulgado hoje na página oficial do Departamento de Defesa americano.
Tradução e adaptação – Nicholle Murmel
Aos homens e mulheres do Departamento de Defesa:
Eu gostaria de aproveitar esta oportunidade para informar a vocês que nesta manhã o presidente Obama aceitou minha carta de demissão. Concordei em permanecer servindo como Secretário de Defesa até que meu sucessor seja confirmado pelo Senado dos Estados Unidos.
Vocês precisam saber que não tomei essa decisão facilmente. Mas após muita discussão, o president e eu concordamos que agora é o momento certo para uma nova liderança aqui no Pentágono.
Quero que todos vocês saibam que estou imensamente orgulhoso do que realizamos juntos. Preparamos a nós mesmos, preparamos nossos aliados e as Forças Nacionais de Segurança afegãs para uma transição bem-sucedida no Afeganistão. Assumimos o combate contra o ISIL e, com nossos parceiros da coalizão e no Iraque, contivemos o ímpeto desse inimigo selvagem. Viemos ao socorro de milhões de pessoas ao redor do mundo, as quais sofreram com a devastação por desastres naturais e doenças. Trabalhamos incansavelmente para sustentar nossa força totalmente voluntária que deu tanto de si ao longo de 13 anos de guerra. Apoiamos alianças duradouras e fortalecemos parcerias emergentes, ao mesmo tempo em que colocamos em movimento reformas importantes que vão preparar esta instituição para os desafios a serem enfrentados nas próximas décadas.
E o mais importante, nós ajudamos a manter este país e nossos cidadãos seguros. Mantivemos a bênção da liberdade que nossos ancestrais garantiram, e mantivemos os votos que assumimos.
Esse trabalho continuará. Precisa continuar. O mundo ainda é muito perigoso, as ameaças são numerosas demais para perdermos o foco. E assim como prometi ao president meu total apoio, também prometo trabalhar duro para apoiar vocês até meu último dia no cargo. Eu lhes devo isso.
Mais tarde haverá tempo para despedidas. Agora, por favor, saibam o quanto eu respeito e admiro o serviço de vocês e de seus familiares. Enquanto me reúno com minha própria família nesse feriado do Dia de Ação de Graças – um luxo que eu sei que nem todos vocês terão – o privilégio de ter trabalhado com vocês nesses últimos dois anos será aquilo pelo que eu mais serei grato.
Obrigado por tudo o que vocês fazem por este país. Deus os abençoe. Feliz Dia de Ação de Graças.