Militantes do "Estado Islâmico" (EI) estariam sendo treinados por ex-oficiais do Exército iraquiano para pilotarem caças de guerra, divulgou nesta sexta-feira (17/10) o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abdulrahman.
Os voos estariam sendo realizados a partir do aeroporto militar de Aleppo, cidade no norte da Síria que está sob o domínio do EI. "Eles têm treinadores, oficiais iraquianos que antes foram pilotos para [o ex-presidente iraquiano] Saddam Hussein", disse Abdulrahman.
Sua ONG opera do Reino Unido e possui uma rede de informantes na Síria. Citando justamente algumas destas testemunhas, ele afirmou que as três aeronaves capturadas são provavelmente caças russos mais antigos, do tipo Mig 21 e 23, que pertenciam às Forças Armadas sírias.
"Testemunhas viram os voos, eles voaram várias vezes a partir do aeroporto, e estão voando em área fora do aeroporto e retornando", acrescentou Abdulrahman. Ele afirmou que esta é a primeira vez que os terroristas do EI buscam combater por ar, mas não soube dizer se os caças estavam equipados com armamento e nem se os pilotos poderiam voar longas distâncias.
Sucesso dos curdos – "Estado Islâmico" perde terreno em Kobane
Apoiados pelos ataques aéreos da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, os curdos mostravam resistência contra os jihadistas em Kobane nesta quinta-feira (16/10), no momento em que a ofensiva do "Estado Islâmico" (EI) na localidade síria entra no segundo mês. Militantes do grupo extremista recuaram de áreas da cidade na fronteira com a Turquia.
"Os combatentes curdos recapturaram do 'Estado Islâmico' uma estrada na parte ocidental de Kobane", disse Rami Abdel-Rahman, chefe do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, à agência de notícias DPA.
O observatório baseado na Grã-Bretanha afirma que 662 pessoas foram mortas, entre elas 374 combatentes do EI, desde 16 de setembro, quando o grupo dissidente da al-Qaeda começou uma ofensiva para tomar Kobane.
“Embora a situação da segurança continue tensa, os avanços [do Estado Islâmico] parecem ter diminuído. E sabemos que já infligimos danos a eles”, salientou o porta-voz do Pentágono, John Kirby. Autoridades americanas alertaram, entretanto, que a cidade na fronteira com a Turquia ainda pode ser tomada pelos jihadistas.
Os Estados Unidos haviam afirmado nesta semana que as forças aéreas mataram neste mês “várias centenas” de militantes. Quatorze ataques aéreos dos EUA realizados na quarta e na quinta-feira na região de Kobane atingiram 19 edifícios tomados pelo EI, além de dois postos de comando, três posições de combate, três posições para disparos, um local de armazenamento temporário e uma posição com armamento pesado.
Curdos pedem apoio
OS EUA revelaram que mantiveram conversações diretas no último fim de semana, em Paris, com o principal grupo curdo sírio, cujas forças têm lutado contra o EI, nas quais teria sido discutida a questão de armar os combatentes.
Apesar de ataques intensos sobre Kobane realizados esta semana pelos EUA e seus aliados árabes, os curdos pedem mais apoio na batalha contra o EI em defesa da cidade estratégica. "Precisamos de mais ataques aéreos, bem como armas e munições para combatê-los em solo", pediu Idris Nassen, oficial em Kobane.
As forças curdas dizem que estão ficando sem munição, armas, alimentos e suprimentos médicos. A única rota de abastecimento para Kobane, vinda da Turquia, permanece em grande parte fechada, já que o governo turco hesita sobre seu papel na coalizão liderada pelos EUA contra o EI.
Enquanto isso, os Estados Unidos dizem que Bagdá não está sob ameaça iminente de ser tomada pelo EI, mesmo com os avanços dos jihadistas no oeste do Iraque. Kirby afirmou que as forças de defesa da capital iraquiana são sólidas.
Nesta quinta-feira, atentados com carros-bomba em e ao redor de Bagdá deixaram ao menos 26 mortos e dezenas de feridos, segundo a polícia iraquiana e fontes médicas. Um deles, no bairro de Dolai, foi reivindicado pelo EI.