O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, fez nesta terça-feira uma advertência ao regime sírio de Bashar al-Assad por não estar cumprindo os compromissos sobre o ritmo de destruição de suas armas
Fabius, em entrevista à emissora de rádio France Info, disse que "apenas 5% das armas químicas estão saindo da Síria, quando em 1º de fevereiro deveríamos alcançar 100 %".
"O governo sírio pôs um freio na destruição das armas químicas", denunciou o chefe da diplomacia francesa.
O chanceler insistiu que "é necessário que o Governo de Bashar al-Assad respeite os compromissos que assumiu sobre as armas químicas" para que os arsenais sejam destruídos fora da Síria.
Sobre um ataque internacional, Fabius afastou esta possibilidade mas assinalou que se o regime sírio não cumpre o prometido, a questão poderia voltar a ser tratada pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
Fabius reconheceu que as discussões entre as partes em conflito "infelizmente por enquanto não deram em grande coisa", embora justificou sua pertinência porque a única solução para o conflito sírio "é política" e isso requer negociações.
Governo russo recebeu, pela primeira vez em três anos, o líder da Coalizão Nacional Síria, e tenta reduzir as preocupações com a eliminação das armas químicas de Damasco
A Rússia ofereceu na terça-feira garantias de que o governo sírio vai participar de uma nova rodada de negociações de paz na semana que vem, e que em breve irá despachar mais agentes químicos para serem destruídos no exterior, conforme prevê o acordo destinado a eliminar o arsenal químico do país.
As declarações parecem destinadas a minimizar as preocupações ocidentais acerca do envolvimento do presidente sírio, Bashar al-Assad, com o processo de paz iniciado este mês e do seu compromisso com a eliminação das armas químicas de Damasco até meados deste ano, conforme o acordo mediado pela Rússia e os Estados Unidos.
Além disso, o governo russo recebeu o líder da Coalizão Nacional Síria, principal grupo de oposição, algo inédito em três anos de um conflito que já matou mais de 100 mil pessoas.
A Síria planeja retirar do país, ainda este mês, uma grande carga de agentes tóxicos, concluindo o processo até 1º de março, segundo o vice-chanceler russo, Gennady Gatilov.
"Literalmente ontem os sírios anunciaram que a remoção de um grande carregamento de substâncias químicas está planejado para fevereiro. Eles estão prontos para completar o processo até 1º de março", disse Gatilov à agência de notícias RIA.
A Rússia, principal apoio diplomático a Assad, está sob pressão para convencer Damasco a acelerar a retirada dos materiais químicos desde a revelação, na semana passada, de que apenas 5 por cento dessas substâncias haviam sido levadas embora.
A operação está muito atrasada, e o prazo para que todos os agentes tóxicos sejam retirados da Síria, que vencerá nesta semana, será descumprido.
As autoridades dos EUA acusam Damasco de protelar o processo, e o secretário norte-americano de Estado, John Kerry, pediu na sexta-feira passada ao chanceler russo, Sergei Lavrov, para que pressione o governo de Assad a acelerar a operação.
O ministro francês de Relações Exteriores, Laurent Fabius, também se queixou da demora. "O governo de Bashar al Assad deve respeitar os compromissos que fez", disse ele a uma rádio na terça-feira.
A Rússia diz que as preocupações ocidentais são exageradas, e rejeitou as acusações de que a demora é deliberada, citando questões logísticas e de segurança. Na segunda-feira, o vice-chanceler russo Sergey Ryabkov afirmou que a Rússia continua confiante de que o prazo final para o arsenal químico, em 30 de junho, poderá ser cumprido.
Apesar das muitas divergências a respeito do conflito na Síria, a Rússia e os Estados Unidos se uniram para lançar uma negociação de paz que começou no mês passado em Genebra, e em setembro concordaram em um plano para eliminar o arsenal químico sírio, evitando assim uma reação militar norte-americana a um ataque com gás ocorrido em 21 de agosto nos arredores de Damasco.
Assad aceitou o plano, mas o Ocidente suspeita que ele queira usar o processo para alavancar suas posições na negociação de Genebra, que deve recomeçar na segunda-feira, embora a delegação do governo não tenha se comprometido a voltar.