Dick Sawle
Membro da Assembleia Legislativa das Ilhas Falkland.
Neste ano (2013) tem sido um período importante para as Ilhas Falkland. Está sendo o ano em que estamos deixando bem claras nossas intenções e o ponto a partir do qual seguiremos adiante.
Isso ficou claro com o referendo que realizamos sobre o nosso futuro status político. O Governo das Ilhas Falkland perguntou aos eleitores se gostariam de permanecer como Território Ultramarino do Reino Unido. O referendo foi monitorado por uma equipe de observadores internacionais que o considerou livre e justo. A resposta dos eleitores foi irrefutável – 99.8% votaram “sim”, com uma participação eleitoral de 92%.
O resultado deixou uma mensagem clara – um sonoro “sim” para o mundo. Os ilhéus têm o forte desejo de permanecer como Território Ultramarino do Reino Unido. É uma mensagem que não pode ser interpretada de forma errônea – as Ilhas Falkland são britânicas por opção e esperamos que o mundo escute. Nossa relação com o Reino Unido evoluiu ao longo dos séculos e temos orgulho em mantê-la. Trata-se de um relacionamento moderno, baseado em respeito mútuo e valores democráticos.
O referendo foi um exercício de autodeterminação, direito que a Assembleia Geral da ONU reiterou em 2008, como um direito “universal” que não está sujeito a condições. Temos, portanto, o direito de determinar nosso próprio futuro. É um direito que a Argentina – que continua reclamando a soberania das Ilhas Falkland – sente que não temos.
A Argentina desconsiderou nosso referendo antes mesmo de ter sido conduzido, tendo o Ministro das Relações Exteriores, Hector Timerman, declarado que o povo das Ilhas Falkland simplesmente não existe. Esta recusa em reconhecer nossa existência ou em escutar nossa voz é decepcionante, na medida em que poderíamos trabalhar juntos de diversas formas para o benefício de ambos. Ao invés disso, a Argentina tem, sob a administração da Presidente Kirchner, adotado uma série de medidas na tentativa de sabotar nossa economia, limitar o crescimento e nos forçar a ceder aos seus desejos.
Eles ameaçaram empresas de pesca que operam na Argentina e nas Falklands com ações legais usando o subterfúgio de novas leis e, por meio de organização regional, bloquearam portos na América do Sul para qualquer embarcação com a bandeira das Ilhas Falkland. As ameaças não têm se limitado à indústria da pesca – ações diretas foram tomadas contra cruzeiros a caminho de ida ou de volta das Ilhas Falkland, e ameaças com ações legais foram feitas na tentativa de impedir que empresas se envolvam na exploração de petróleo nas Falklands. Além disso, a Argentina se recusou a cooperar conosco em estudos científicos, e na conservação e gerenciamento das reservas internacionais das unidades populacionais de peixe.
É decepcionante que a Argentina assuma essa postura e pedimos que nossos vizinhos sul-americanos questionem essa abordagem. Colocamos um fim nesse mito que a Argentina tenta cultivar: não existimos pelo controle de uma potência colonial, nem somos forçados a estar aqui contra nossa vontade. Tampouco somos uma população implantada ocupando ilegalmente estas ilhas, estando algumas famílias nas Falklands há nove gerações.
O referendo atestou de forma clara, decisiva e incontestável nossas intenções que não podem ser ignoradas pelo mundo, e pedimos que esse resultado seja respeitado. Agora é o momento de olhar para um futuro em que possamos trabalhar e viver estreitamente com nossos vizinhos sul-americanos para o benefício de todos nós.