DefesaNet Artigo de 2000 que foi publicado em DefesaNet e chamou a atenção parfa a "Guerra Irrestrita " e Assimétrica. Termos que vieram ao grande público com os atentados de 11 Set 01. |
China Revisa a Arte da Guerra(*)
"Guerra Assimétrica" – terrorismo, hackers, sabotagem econômica, assassinato de cidadãos americanos – é a Estratégia Militar Chinesa para derrotar os Estados Unidos.
Michael Waller
Revista Insight
Devem os financistas que prejudicam as "red-chip" serem assassinados? O Exército de Libertação do Povo da China, ou PLA ( People Liberation Army ), está discutindo o conceito. Deve Beijing (Pequim) financiar secretamente fundos políticos para influenciarem as atitudes do Estados Unidos? Um novo livro do PLA, abertamente discute estas questões. Frente a uma necessidade de corrida de armamentos nucleares e até convencionais high-tech para alcançar uma paridade com os Estados Unidos e Rússia, membros de um seleto grupo de coronéis, que estão cotados para serem os líderes de amanhã, estão traçando uma forma de guerra outra que a nuclear, uma nova e mais discreta forma de guerra.
O livro, titulado Unrestricted Warfare, é parte de um esforço do PLA para desenvolver meios de contrapor aos Estados Unidos através da "assimetria" — não tentando desenvolver contra o poder dos Estados Unidos míssil por míssil, mas voltar contra os adversários da China o poder deles mesmos, como a técnica do judô, em derrotar um inimigo mais forte: "Entender e empregar o princípio da assimetria corretamente permite explorar os pontos fracos do inimigo," os Coronéis. Qiao Liang e Wang Xiangsui escreveram em seu livro de 1999. Eles dizem que a idéia do livro surgiu durante a Crise do Estreito de Taiwan em 1996 quando Beijing sentiu-se impotente, quando dois Porta-Aviões e suas Forças Tarefas fizeram uma demonstração de força na região. Insight Magazine obteve uma tradução do livro feita pela CIA.
Unrestricted Warfare, de acordo com um comentário da CIA, "propõe táticas e estratégias para países em desenvolvimento, em particular a China, de forma a compensar sua capacidade militar inferior, vis-à-vis com os Estados Unidos em uma guerra de alta tecnologia." Então, "Hacking Websites, atingir instituições financeiras, terrorismo, usar a mídia e conduzir guerra urbana estão entre os métodos propostos." Em um entrevista para o Jornal da Juventude do Partido Comunista Chinês, o Coronel Qiao, 44 anos, disse, "A primeira regra do" Unrestricted Warfare" é que não há regras, nada é proibido."
O livro chama a atenção que a infra-estrutura para tal combate deverá ser preparada e posta para uma possível confrontação bem antes. "Deste ponto em diante, a guerra não será mais como antes," os coronéis escrevem, mas ela será irreconhecível pois será travada no coração da sociedade americana. "pode um simples ataque de hacker contar como um ato hostil ou não? Pode o uso de instrumentos financeiros para destruir a economia de um país ser vista como uma batalha? Pode a transmissão da rede CNN, de um corpo de um soldado americano nas ruas de Mogadiscio, que chocou a determinação dos americanos de agirem como polícia do mundo, e portanto alterou a situação estratégica ?"
Os coronéis lançaram o fundamento desse conceito de guerra com o apoio do comando militar chinês e do Partido Comunista. "O PLA tem colocado especial ênfase na modernização de suas capacidades de info-war ( infoguerra ), como dita a dominação na informação que tem ênfase no livro clássico A Arte da Guerra de Sun Tzu," conforme Al Santoli, editor do the China Reform Monitor bulletin. "A racionalização para este conceito, está articulado em Unrestricted Warfare. "O PLA decidiu que ele não pode competir com os Estados Unidos em armamentos convencionais. Em compensação está enfatizando o desenvolvimento de novas tecnologias e informações para cyberwar e vírus para neutralizar ou desgastar as forças políticas, econômicas, sociais e informação militar e sua infra-estrutura de comando e controle" explica Santoli.
Muito do debate é aberto. O PLA está encorajando oficiais a pensarem mais sobre Unrestricted Warfare e Information Warfare em particular. No ano passado (!998 ) também foi publicado um livro na mesma linha, Introduction to Information Warfare, "como parte de seu esforço de operações combinadas para combater futuras guerras. O livro foi aprovado pelo estado Maior do PLA e a poderosa Comissão Militar Central," e foi leitura recomendada pelo jornal Jiefangjun Bao do PLA.
Os autores do PLA são explícitos no Unrestricted Warfare, argüindo que a China pode contrapor aos sensores de alta tecnologia, contramedidas eletrônicas e armamentos sofisticados dos americanos empregando métodos totalmente diferentes. "Se o lado atacante [i.e., China] secretamente acumula grandes reservas de capital sem a nação inimiga perceber e lança um bote contra seus mercados financeiros, "eles escrevem, "então após causar uma crise financeira, lance um vírus de computador e um destacamento de hackers contra o sistema de computadores do oponente. Ao mesmo tempo lance um ataque à rede de distribuição de energia e os centros de tráfego, centros financeiros, rede de telecomunicações e a rede de imprensa estarão completamente paralisados , isto levará a nação inimiga ao pânico social , tumultos nas ruas e crise social"
Ou assim o PLA espera que aconteça. Unrestricted Warfare chama para ampliar a idéia de armamentos a cada setor da vida política, econômica, social e vida cultural nos países ocidentais. A elegante tradução da CIA revela uma argumentação muito bem desenvolvida e um profundo conhecimento do sistema militar dos Estados Unidos, a vida política e o sistema econômico assim como a cultura popular americana.
Unrestricted Warfare, escrevem os coronéis do PLA, "significa que todos os meios estarão em prontidão, que todos a informação estará onipresente e o campo de batalha será em todo o lugar. Significa que todas as armas e tecnologia serão superpostas, as fronteiras entre os dois mundos, guerra e não guerra, de militar e não militar, serão totalmente eliminados."
Pode assim o lado mais fraco derrotar os Estados Unidos, os coronéis do PLA afirmam que os Estados Unidos não estão acompanhando o enorme avanço que está ocorrendo no pensamento militar proveniente do avanço tecnológico. "Os americanos não tem sido capazes de agir em conjunto nesta área. Isto porque ao propor um novo conceito de armas não requer estar na dianteira de novas tecnologias, necessita sim, de um pensamento lúcido e incisivo. Este não é o ponto forte dos americanos que são escravos da tecnologia em seu pensamento."
Os americanos, na visão dos coronéis chineses são muito ligados a armamentos cujo objetivo imediato é matar e destruir." Em Unrestricted Warfare, "não há nada no mundo hoje que não possa se tornar uma arma." Então a guerra deverá ser travada em cada aspecto da vida americana: "Como nós vemos, uma queda na bolsa de valores, um simples vírus de computador ou um mero rumor ou escândalo que resulte em flutuação da moeda do país , ou que expõe os líderes de um país inimigo na Internet podem ser incluídos no novo conceito de armamentos. Nos novos conceitos de armas a tecnologia não é mais o fator preponderante, o verdadeiro imperativo são os novos conceitos de armas."
Este argumento dá peso aqueles, que estão pressionando para um maior controle, da penetração chinesa nos Estados Unidos em especial no mercado de ações e bônus americanos. Várias iniciativas nos Estados Unidos clamam para que, seja regulamentada uma transparência e identificado se os fundos de pensão e investimentos tem capitais chineses.
Ao contrário das visões conspiratórias geralmente difundidas em um sistema de partido único como a China, os coronéis do PLA reconhecem que especuladores individuais e outros atores não governamentais são independentes e não necessariamente agentes do capitalismo ocidental ou apêndices do governo americano. Tais individuais e grupos, eles dizem, são ameaças em sí, são os "nonprofessional warriors ( guerreiros não profissionais)." E como tal precisam ser tratados..
"Esta pessoa não é um hacker no sentido comum, e também não é um membro de uma organização paramilitar," afirmam os coronéis. "Possivelmente ele ou ela é um analista de sistemas ou um engenheiro de software ou um financista com grandes somas de capital ou especulador na bolsa. Ele ou ela podem até ser um empresário da área de comunicações, um famoso colunista ou apresentador de programas de TV. Sua filosofia de vida é diferente daquela cega e desumana dos terroristas." Mas eles todos podem afirmar o mesmo: "Quem pode dizer que George Soros não é um terrorista financeiro?"
Os Coronéis criticam Soros pelo ataque à economia chinesa causando uma queda nas ações "red-chip" — companhias listadas na bolsa de Hong Kong, mas controladas por interesses de Comunistas Chineses . "O principal protagonista desta seção não foi um estadista ou estrategista militar, foi o financista George Soros. … Após Soros ter iniciado seu ataque, [Presidente de Formosa] Lee Teng-hui aproveitou a crise financeira no Sudeste Asiático para desvalorizar o New Taiwan dólar, então lançar um ataque ao dólar de Hong Kong e ações da Bolsa de Valores de Hong Kong , especialmente as ações 'red-chips.'" Neste caso os oficiais perguntam, porque não assassinar pessoas como Soros? A questão é explícita: "Quando para proteger a segurança financeira de um país, pode o assassinato ser usado para agir contra os especuladores financeiros?"
Os Coronéis aparentemente apoiam a idéia da " guerra tradicional do terror," tais como as bombas nas embaixadas americanas no Quênia e Tanzânia, pelo terrorista saudita Bin Laden. "O surgimento do estilo de terror exercido por Bin Laden tem aprofundado a impressão, que uma força nacional, não importando quão poderosa, encontrará dificuldades em ter a palavra final, em um jogo que não tem regras."
Mas, o terrorismo tipo Bin Laden não vai muito longe, afirmam os Coronéis. Bombas, seqüestros e assassinatos "representam o máximo grau de terror" contra o alvo. "O que realmente atinge terror nos corações das pessoas é a junção dos terroristas com vários tipos de novas tecnologias, que podem gerar novas super armas." As vítimas do ataque de Aum Shinri Kyo com gas sarin "foi só uma pequena porção do terror," de acordo com os oficiais do PLA. "Este caso colocou as pessoas na percepção, que a tecnologia bioquímica forjou uma arma letal para aqueles terroristas que tentam a destruição da humanidade."
Tal pensamento, dizem os especialistas, são a justificativa para a política de Pequim de vender tecnologia de armas de destruição em massa para regimes que apoiam terrorismo.
O livro afirma que, é melhor controlar que matar. "O progresso tecnológico tem nos proporcionado os meios para atacar o centro nervoso do inimigo diretamente sem danos colaterais proporcionando novas opções de alcançar a vitória, e isto nos leva a acreditar que o melhor meio de alcançar a vitória é controlar, não matar.… O meio de usar força total e levar o inimigo a uma rendição incondicional é hoje um relíquia do passado."
A difusão do medo e incerteza nos meios militares e civis será a mais importante das armas em um conflito Unrestricted Warfare, concluem os coronéis. "Nós podemos criar muitos métodos de causar medo que são mais efetivos que matar. "Até o último ser humano o mais duro não consegue impedir– no mundo interior do seu coração — os ataques de psychological warfare."
Os autores vêem os Estados Unidos muito vulneráveis a um ataque tipo " Unrestricted Warfare". Os Estados Unidos é culturalmente despreparado para tratar com o problema, argumentam; "eles nunca levaram em consideração outros meios que são contrários à tradição e o emprego de operações militares." Os Estados Unidos, afirmam os oficiais do PLA, deveriam estar melhor preparados: "É surpreendente que uma grande nação como os Estados Unidos não tenha um Comando Unificado para tratar destas ameaças.
Notas Defesanet (*) A Arte da Guerra – livro sobre princípios clássicos da guerra de Sun Tzu. 1- Guerra Assimétrica– contrapor ao inimigo algo que anule a vantagem tecnológica ou estratégica que ele possui |