Jungmann vai se reunir com ministros da Defesa sul-americanos para debater crimes na região de fronteira

Alexandre Gonzaga e Roberto Cordeiro


O governo federal começa a intensificar ações de fiscalização e segurança nas fronteiras, juntamente com as medidas, anunciadas recentemente, de apoio ao sistema prisional dos estados. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, esteve nesta quarta-feira (18) em Tabatinga, no Amazonas, onde anunciou que vai iniciar, ainda este mês, uma série de encontros e reuniões com os ministros de Defesa de países vizinhos.

A primeira delas, para tratar da segurança nas fronteiras, está prevista para o dia 31 de janeiro com seu homólogo da Colômbia. A este cenário soma-se a apreensão, na virada do ano, de quase uma tonelada de “skank” – maconha mais sofisticada – e armamentos no rio Juruá, perto do 3º Pelotão Especial de Fronteiras (PEF), na localidade de Vila Bittencourt. O caminho das drogas passa pelo município de Coari até Manaus, capital do estado do Amazonas.

Nesta quinta-feira (19), Jungmann estave na companhia de jornalistas, em Dourados, no Mato Grosso do Sul, onde conheceu o projeto piloto do Sistema de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON).

Na Tríplice Fronteira (Brasil, Colômbia e Peru), o ministro foi até o PEF de Vila Bittencourt, onde cerca de 70 militares fazem o patrulhamento e a fiscalização na região de fronteira. Lá, Jungmann foi recebido pelo coronel Júlio Cesar Belaguarda Nagy de Oliveira, comandante do 8º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), sediado em Tabatinga.

Em seguida, ocorreu a apresentação dos militares que servem no PEF. O comandante do pelotão, tenente Allan Felipe Gonçalves Castro, fez as honras dos militares. Após, todos seguiram para o salão principal do quartel, onde o coronel Nagy apresentou os detalhes da atuação militar naquele trecho da fronteira.

O oficial contou que, no início de dezembro, guarnições abordaram duas lanchas e, no confronto com uma delas, um traficante colombiano foi ferido e veio a óbito. No interrogatório aos outros cinco ocupantes, os militares tomaram conhecimento que, dias antes, transportaram um carregamento de cocaína.

Na virada do ano também uma embarcação chocou-se num banco de areia e veio à pique. Os ocupantes conseguiram fugir e os militares, em operação, retiraram da água 20 pacotes onde a droga estava acondicionada. Ao abrir o envolucro, descobriram tratar-se de “skank.

O ministro Jungmann acompanhou ainda uma demonstração da tropa em pleno rio Japurá. Uma embarcação recebe ordem de parar. O piloto não obedece e inicia-se a perseguição. A partir de tiros de advertência, a lancha para e os ocupantes são levados para identificação. Em outra frente, uma embarcação segue rio abaixo com o motor desligado. Na abordagem os militares respondem com tiros de verdade.

Na etapa seguinte da demonstração, um helicóptero Cougar desembarca militares num banco de areia. Eles descem rapidamente por cabos de ação e dominam a cena de combate.

Jungmann também percorreu os alojamento do PEF e conheceu parte de equipamentos e armamentos utilizados. “Esses homens e mulheres que estão aqui se dedicam a cuidar da fronteira do nosso país”, disse o ministro.

Amazônia

De acordo com o comandante militar da Amazônia, general Geraldo Antonio Miotto, e que também acompanhou a comitiva, em alguns locais da região norte do País, as Forças Armadas são a única presença do Estado brasileiro.

Sob o Comando Militar da Amazônia estão 24 quartéis do Exército e que, em sua maioria, exercem poder de polícia na faixa de 150 km para dentro do Brasil, nos 10 mil km de fronteira. Os militares combatem ilícitos transfronteiriços como pesca e garimpo ilegais, contrabando, tráfico de armas, drogas e animais.

Em cooperação com os países vizinhos, e até da África, América do Norte, Europa e Ásia, o Comando promove troca de experiências por meio de encontros, exercícios e operações.

Ainda à noite, o ministro da Defesa visitou a Capitania Fluvial de Tabatinga. Na ocasião, ele assistiu uma apresentação do comandante do 9º Distrito Naval, almirante Luís Antônio Rodrigues Hecht, sobre a presença da Força Naval na região amazônica. A capitania em Tabatinga é responsável pela segurança do tráfego aquaviário com ações de inspeções a embarcações, patrulhamento dos rios e combate a ilícitos. Pela região circulam 30 mil embarcações.

A Capitania também promove um projeto social. Chamado de Capitania Itinerante, o projeto realiza cursos de formação profissionalizante para aquaviários e a emissão da carteira de inscrição e registro. Em 2016, a Capitania realizou 196 cursos.

Participaram da visita em Tabatinga, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, o Chefe do Estado-Maior do Exército, general Fernando Azevedo e Silva, e o assessor militar do gabinete do Ministro da Defesa, brigadeiro João Tadeu Fiorentini.

Ações Sociais

Na Amazônia Ocidental, cerca de 20 mil militares da Marinha, Exército e Aeronáutica realizam diversas ações de caráter social e de assistência médico-hospitalar, além de obras de engenharia em rodovias e construções, inclusive, de pequenas hidrelétricas.

Na oportunidade, o ministro Jungmann conheceu o Hospital de Guarnição de Tabatinga (HGT), administrado há 40 anos pelo Exército e o único da região. No hospital militar atuam 250 profissionais entre civis e militares. Apenas no ano passado, o HGT prestou apoio de saúde a mais de 100 mil pessoas.

Segundo o diretor do hospital, o médico obstetra, coronel Alexandre Assumpção Borges de Oliveira, 85% da população assistida é composta por indígenas e civis, além de peruanos e colombianos.

Leia também:

Jungmann visita o Sisfron em Dourados (MS) [Link]

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