A missão de Integrar o território nacional compõe o DNA da FAB há 77 anos

Tenente Gabrielli / Major Alle


“Integrar o território nacional” passou a compor a missão da Força Aérea Brasileira. As atividades de integração, agora, deixam de ser subsidiárias, para ficarem lado a lado com a manutenção da soberania aeroespacial. Mas esse tipo de missão não é novidade para os militares. Integrar o Brasil está no DNA da Força: em 1941, quando foi criado o Ministério da Aeronáutica, aviões do Correio Aéreo Nacional (CAN) já realizavam a entrega de 70 toneladas de correspondência e perfaziam 14 rotas diferentes pelos quatro cantos do País.

Segundo o Comandante da Aeronáutica, a Força nasceu com a responsabilidade de integração. “Nós não temos malha rodoviária, nem ferroviária ou aérea adequada às dimensões do Brasil; nós dependemos de um órgão público para isso, que é a Força Aérea Brasileira”, disse o Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato.

Correio Aéreo Nacional é atribuição constitucional

Elemento essencial na criação da Força Aérea, o Correio Aéreo Nacional (CAN) mantém sua importância ainda hoje, 87 anos depois do primeiro voo: sua manutenção é obrigação constitucional da União. A história considera como marco do CAN um voo entre Rio e São Paulo, em 1931, com a remessa do primeiro malote de correspondências.

A partir de então, a expansão foi rápida. No mesmo ano, criou-se uma linha Rio-Minas e, no ano seguinte, Mato Grosso e Paraná entraram na rota das aeronaves. Em 1934, foram incluídas a região Nordeste, comunidades ribeirinhas do São Francisco e cidades do Rio Grande do Sul. Em 1935, foi a vez da Amazônia.

Direito à cidadania

É pelos rotores dos helicópteros da Força Aérea Brasileira que as localidades de difícil acesso recebem as urnas eletrônicas, garantindo o exercício do direito ao voto. A maioria das seções eleitorais atendidas fica em seringais, comunidades indígenas e ribeirinhas da região Norte do País. Na última eleição presidencial, em 2014, por exemplo, helicópteros Black Hawk deram apoio a comunidades isoladas nos estados do Acre e Amapá.

Já nas eleições municipais de 2016, além do Acre, foram atendidas seções no Pará e em Roraima. “Nós vivemos em um País de dimensões continentais com algumas localidades de difícil acesso. Para superar essas barreiras geográficas, o apoio da Força Aérea Brasileira é primordial para garantir que todo eleitor brasileiro possa participar das eleições e exercer seu direito constitucional de escolher seus representantes”, afirmou o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Gilmar Mendes.

Transporte de órgãos

A Força Aérea Brasileira mantém aeronaves e tripulações de sobreaviso para realizar o transporte de órgãos para transplante, a qualquer hora do dia e da noite. Embora já contribua com o Sistema Nacional de Transplantes há mais tempo, uma parceria com o Ministério da Saúde, impulsionada por um decreto presidencial de junho de 2016, incrementou a participação da Força nesse tipo de missão. Desde então, até o último mês de dezembro, foram mais de 420 órgãos transportados.

Saúde para 120 mil, apenas na última década

As equipes de saúde da Força Aérea Brasileira servem, também, à população do País. Faz parte da rotina de médicos, enfermeiros, dentistas e farmacêuticos militares deixarem os quartéis para levar atendimento de saúde a comunidades carentes e tribos indígenas.

Mesmo que isso signifique, por exemplo, atender dentro de uma casa de madeira, em um município ribeirinho distante quase 900km de Manaus (AM). São as chamadas Ações Cívico-Sociais (ACISO) que, nos últimos dez anos, levaram atendimento médico e odontológico para aproximadamente 120 mil cidadãos.

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Brasília, 20 de janeiro de 2018.

Já na década de trinta estrategistas brasileiros eram influenciados pela nova linha teórica dos artífices do poder aéreo. Na ponta da linha, a prática fustigava o dia a dia dos aviadores mais novos, dependentes de uma estrutura de comando incapaz de entender às peculiaridades da execução da atividade aérea e do avanço tecnológico.

Impulsionados pela Segunda Grande Guerra e pela consolidação da necessidade de uma Força independente, finalmente no ano de 1941 cria-se o Ministério da Aeronáutica.

E assim sucederam-se 77 anos de história. A história dos nossos heróis que participaram do batismo de fogo na 2° Grande Guerra, dos desbravadores do nosso país que integraram o território nacional nas asas do Correio Aéreo Nacional, daqueles que fomentaram e fortaleceram a indústria aeronáutica nacional e todos aqueles que, anônimos, construíram a Força Aérea Brasileira.

Desde as nossas origens, a FAB é reconhecida pela adequabilidade e agilidade frente às mudanças conjunturais, tanto no planejamento quanto na execução de suas atividades. Essa é a essência dos nossos homens e mulheres.

Hoje, a Força Aérea navega na rota desejada, com planejamento e preparada para as intempéries que pode enfrentar no seu caminho, vem se profissionalizando e racionalizando as suas atividades, simplificando processos na busca da eficácia e da eficiência, no rumo da Força Aérea 100.

Dentro desse escopo, destaco os programas estratégicos que têm sido o norte para a Força Aérea do futuro idealizada por nós e pelos nossos antecessores, o desenvolvimento do Gripen NG e do KC-390, projetos que colocam a nossa indústria aeronáutica em um novo patamar. Destaco, ainda, o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que é o programa que colocará o Brasil em uma condição competitiva na área espacial e no cenário prospectivo da guerra aérea do futuro.

E para chegar a esse patamar que almejamos para o futuro, será necessário um constante aperfeiçoamento e busca pelo conhecimento, esses são os ingredientes que necessitamos para continuarmos sendo referência a todo o povo brasileiro.

Finalmente, em tempos de crise, tenho certeza que o maior legado deixado por nossos antecessores foi o arcabouço moral. Envergamos em nossas mentes e almas os valores de disciplina, hierarquia, patriotismo, integridade, comprometimento e profissionalismo, catalizadores de uma Força moderna, porém sólida em seus princípios.

A esses homens que através de sua visão de futuro, idealizaram a instituição que temos hoje e que almejamos, rendemos os nossos mais sinceros agradecimentos e homenagem.

Muito obrigado a todos!

Tenente-Brigadeiro do Ar NIVALDO LUIZ ROSSATO
Comandante da Aeronáutica

 

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