O F-5 na FAB

Nota DefesaNet
Republicação de matéria originalmente publicada em 21 Setembro 2005
O Editor

O F-5 na FAB

 


No Brasil, a história do F-5 iniciou na prática em março de 1975, porém, ele esteve cotado para equipar a FAB desde 1965, em sua versão F-5A/B. Em 1967 ele foi novamente cogitado, desta vez como vetor do projeto SISDACTA. A preferência era para o F-4 Phantom, mas este foi vetado pelos americanos, que em contrapartida ofereceram o F-5C (versão proposta pela Northrop com melhorias baseadas no relatório de avaliação feito no Vietnã).

O impasse norte-americano favoreceu os franceses, tendo a FAB adquirido 16 Mirages IIID/EBR. Numa nova disputa internacional, realizada a partir de 1971 para substituir os AT-33A, na qual participaram o Fiat G-91, MB-326K, Harrier Mk-50, Jaguar GR1 e A-4F, saiu vencedor o caça da Northrop, agora em sua versão F-5E. Começava a longa história de sucesso do Tiger II na FAB, que continua até hoje e ainda deve durar até 2018.

A FAB recebeu seis F-5B (FAB 4800 a 4805), quatro F-5F (FAB 4806 a 4809) e 58 F-5E (FAB 4820 a 4877) que foram adquiridos em dois lotes distintos, um em 1973, direto da fábrica (06 F-5B + 36 F-5E), ao valor de US$ 115 milhões e outro, em 1988, ex-USAF (04 F-5F e 22 F-5E), ao custo total de US$ 13,1 milhões.

As primeiras aeronaves da "Operação Tigre", como ficou conhecido o translado do primeiro lote, foram entregues a partir de 28 de fevereiro de 1975 em Palmdale. Eram três F-5B, que chegaram ao Brasil no dia 06 de março do mesmo ano, sendo seguidos de outros três em 13 de maio. Em 12 de junho de 1975, chegavam os primeiros quatro F-5E à BAGL, dando início a uma ponte aérea que só terminaria em 12 de fevereiro do ano seguinte, totalizando 36 aeronaves.

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Enquanto a rotina seguia tranqüila em Canoas, em Brasília o Estado-Maior da Aeronáutica fechava os últimos detalhes de um contrato via FMS (Foreign Military Sales) para a compra de um lote de F-5E/F, com o objetivo de repor perdas e incrementar a frota. O fechamento deste contrato encerrava uma longa busca iniciada em 1985 por um lote adicional de aeronaves de caça, que inclusive esteve perto de não ser um lote de F-5, dada a negativa americana em vender novas unidades e a escassez de células usadas em outros mercados.

Depois de muito procurar, chegou-se a um acordo com o governo Reagan, que aceitou negociar quatro F-5F e 22 F-5E, que sairiam das fileiras da USAF, a um custo de US$ 13,1 milhões. As células escolhidas entre as disponíveis para venda no inventário da USAF viriam das unidades sediadas em Williams AFB (405th TTW) e Nellis AFB (57th TTW), esta última famosa por abrigar dois esquadrões Aggressors, o 64th e o 65th AS.

Desde o início as coisas se desenhavam para alocar os "novos" F-5 em Canoas. Como as aeronaves, apesar de serem do mesmo modelo (E), eram de versões diferentes (no caso, versão USAF), seria impossível operacionalmente simplesmente dividir elas entre SC e CO. Era preciso separar os lotes e como o planejamento do MAer era ter uma Unidade de Defesa Aérea no Sul, a balança pesou para as bandas (ou pagos) de Canoas, que ficaria com os Aggressors, visto a ausência do probe não fazer falta em missões de interceptação e combate aéreo.

Com tudo ajustado entre os governos brasileiro e americano, ficou acertado que as aeronaves estariam disponíveis em meados de agosto de 1988, em Nellis, de onde seriam transladadas em vôo para o Brasil. Apesar de a FAB ter toda a condição de fazer o translado em vôo praticamente direto, valendo-se do REVO com os KC-137, a ausência de probe nos F-5 yankees inviabilizava esta opção. As aeronaves teriam que vir "pingando" desde Nellis. Seria uma longa e complicada viagem dos "bicudos" para a sua nova casa

Textos do livro
Já te atendo tchê! – A História do 1°/14° GAV, o Esquadrão Pampa

O F-5 tem sido o cavalo de batalha da aviação de caça da FAB desde a sua chegada ao Brasil. As suas qualidades de simplicidade manutenção, pilotagem e baixo custo de operação são tão marcantes, que todo os demais aviões sempre tiveram uma avaliação negativa quando comparados ao F-5 ( MirageIII, AMX, ALX).

A entrada do F-5M em operação, será uma ruptura nessa tradição pois o avião tem uma complexidade em aviônicos que introduz uma série de novos conceitos em operação.

Havia dois padrões de pintura dos F-5:, os baseados na Base de Santa Cruz, adotavam o padrão camuflado, típico do usado no Vietnã. O da Base Áerea de Canoas, proveniente do segundo lote, adota um tom cinza azulado, usual em avião de superioridade aérea.

 

As diferenças entre os dois grupos, não se resumem só a pintura externa, mas a uma série de componentes ou que há em um e não no outro( probe de reabastecimento em vôo), ou que eram de diferentes modelos (como os assentos ejetores). O Programa F-5BR trará todos os aviões a mesma a uma mesma configuração, a do F-5M, cuja primeira unidade foi entregue à FAB oficialmente, no dia 21 de setembro 2005.

O atual armamento do F-5 são os mísseis MAA-1 Piranha e o Python-3. Está prevista a aquisição de um míssil com características BVR (Beyond Visual Range). Segundo informações o mais cotado é o sul-africano R-Darter, fabricado pela Denel Aerospace. Caso fosse escolhido o mísil MICA para o F-X, poderia ser adotado também no F-5M. O F-5M poderá levar dois mísseis dessa categoria.

Dos dois canhões originais de 20 mm, um foi retirado para a instalação do radar Grifo – E.

Os primeiros seis aviões F-5B recebidos no primeiro lote, foram desativados, e estão no PAMA-SP para venda. Quando da compra dos F-5 o modelo F (biplace) não estava ainda em produção.

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