Embraer é a empresa campeã na área de inovação em 2016

Gustavo Brigatto e Luciano Máximo


No ano passado, quase metade da receita da Embraer veio de novos produtos ou produtos significativamente melhorados. "Para manter-se competitiva, a Embraer tem de ser inovadora o tempo todo", afirma o vice-presidente-executivo de operações, Mauro Kern Jr. Para isso, a companhia aplica 5,6% do faturamento em P&D, o que representa cerca de R$ 1,13 bilhão por ano. "Temos uma equipe de engenheiros cujo papel é olhar 15 anos à frente", explica Kern.

Para 2016, a empresa, que tem 90% da produção vendida ao exterior, quer investir até R$ 2,12 bilhões em atividades inovadoras, quase o dobro de 2015. "Perseguimos o investimento de 10% do faturamento global." disse Kern.

A Embraer foi apontada como a empresa mais inovadora do país na segunda edição do anuário "Valor Inovação Brasil", produzido pelo Valor em conjunto com a consultoria Strategy&. Com o objetivo de estimular o desenvolvimento de tecnologias e reconhecer esforços de companhias que investem em inovação, o anuário, que circula hoje, listou as cem empresas mais inovadoras do Brasil.

As dez primeiras do ranking e as 17 líderes em cada setor foram premiadas ontem à noite em São Paulo, num evento que reuniu mais de 400 pessoas. Foi quase o dobro do número de presentes ano passado, durante a primeira edição do prêmio. "E ano que vem vai dobrar de novo", brincou Henrique Luz, vice-presidente da PwC, controladora da Strategy&.

A maioria dos executivos das empresas vencedoras destacou que já sente sinais de melhora na confiança e que, nas companhias em que atuam, os investimentos em inovação não têm sofrido com a crise econômica.

Para Jorge Lopez, presidente da 3M, multinacional que ficou em segundo lugar no ranking geral da premiação e líder do segmento Indústria Química e de Transformação, os meses de abril e maio "foram complicados", mas há expectativa de melhora a partir do segundo semestre. "Nossas projeções indicam que a economia começa a avançar a partir de junho com um segundo semestre mais favorável ", disse Lopez."Já tivemos alguns sinais na economia que estamos indo melhor do que já passamos e isso é fundamental", disse André Fachetti, gerente-geral de gestão tecnológica do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras. De acordo com o executivo, a empresa tem mantido o investimento em inovação mesmo diante do cenário de crise e dos ajustes na companhia.

Os investimentos da companhia estão atrelados às regras do setor de petróleo, que exigem aporte de 1% da receita bruta em projetos de pesquisa e inovação. Ele explicou que houve pequena queda nos valores em dólar por conta da variação cambial e da queda do valor do petróleo, mas a Petrobras redirecionou esforços, focando-se em questões que afetam a companhia como um todo e projetos com impacto no longo prazo.

Segundo Alfredo Miguel Neto, diretor de assuntos corporativos para América Latina da fabricante John Deere, primeira colocada na categoria Veículos e Peças, a economia vai levar mais tempo para retomar um ritmo mais intenso de crescimento. "Vemos expansão a partir do segundo semestre do ano que vem, começo de 2018. Se você vislumbra que o mercado volta em dois anos, e não se prepara, não tem produto adequado." A John Deere tem buscado fazer investimentos de pesquisa com recursos próprios, sem depender de linhas de financiamento públicas.

Márcio Estefan, diretor comercial da Algar Telecom, inovadora campeã do setor Telecomunicações, diz que vê recuperação da economia a partir do ano que vem. "Em tempos de crise, é preciso ter organização na busca por recursos e calibrar bem o risco. O resultado é que os clientes nos procuram, não retraímos nosso investimento. Prova disso foram as aquisições de empresas de fibra ótica no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em novembro do ano passado.

"Nascida no mundo digital, a varejista Netshoes tem a inovação como parte do dia a dia, disse Graciela Tanaka, diretora de operações da companhia. "A idade média na empresa é de 27 anos, são pessoas que querem fazer diferente. Pode ser uma coisa simples, uma mudança de processo que faça a diferença para a empresa", disse.

O representante da campeã do setor Farmacêuticas e Ciências da Vida, Stephani Saverio, diretor de novos negócios, parcerias e internacionalização da Aché, informou que a meta de investimento em inovação da companhia está entre 8% e 10% do faturamento líquido. "Foram R$ 200 milhões no ano passado e queremos estar dentro dos 10% este ano.

"Para Saverio, "a questão política é importante, atrapalha a economia no curto prazo, mas mantemos as previsões de investimento porque entendemos que os fundamentos macroeconômicos estão mantidos, apesar da política".

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