Sílvia Nobre Waiãpi, índia convocada por Bolsonaro


Fonte Pleno.News


A tenente do Exército Sílvia Nobre Waiãpi foi uma das nomeadas para integrar a equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro. Seu nome foi anunciado junto com o da tenente Liane de Moura e com a economista Clarissa Costalonga e Gandour.
 
Waiãpi é a primeira mulher indígena a integrar o grupo. Também é a primeira índia a entrar para as Forças Armadas do Brasil. Antes de ingressar no serviço militar precisou enfrentar a fome e a maternidade na adolescência.

Ela se tornou mãe de uma menina aos 13 anos, na aldeia em que morava no Parque Indígena do Tumucumaque, Amapá. O povoado tem apenas 950 habitantes, de acordo com o último Censo, e 1,3 mil segundo os índios.

Aos 14 anos, ela sofreu um acidente e foi perfurada no abdome por um pedaço de madeira. Assim, foi enviada para a cidade para ser operada. Como queria estudar, ela abandonou o local e se mudou sozinha para o Rio de Janeiro, fugida.

A oficial já relatou sua história a diversos veículos de comunicação desde 2011, quando se tornou tenente.

– Vim sozinha. Não conhecia ninguém, dormi nas ruas por alguns meses. Eu tinha uma pedra, que acreditava que era sagrada, e a vendi para comer. Com aquele dinheiro eu consegui comer umas duas semanas. Aí eu pensei: “se eu podia vender uma pedra, poderia vender qualquer coisa”. Depois comecei a vender livro de porta em porta – relatou ao portal UOL, em 2011.

Ela conseguiu uma casa para morar depois que a sobrinha de um vendedor ambulante lhe abrigou. Ela conseguiu um emprego no Círculo do Livro e conheceu poetas do Rio de Janeiro, que lhe ajudaram a estudar arte e ir para a escola.

Waiãpi revelou, em entrevista ao Programa Jô Soares em 2012, que uma das maiores dificuldades que teve que enfrentar foi o preconceito.

– Eu tinha uma roupinha muito velha, sem botão, mas que amava porque era minha melhor roupa. E, na escola, escolhiam sempre um aluno para hastear a bandeira. Meu sonho era hastear aquela bandeira, mas eles nunca me escolhiam. Era sempre uma criança branca, não índia. Me falavam que eu era a verdadeira brasileira, então não entendia porque eu não podia fazer aquilo – relatou, na ocasião.

Durante a abertura dos Jogos Mundiais Militares de 2011, ela hasteou a bandeira do Brasil. Atualmente, Waiãpi atua como chefe do Departamento de Medicina Física e Reabilitação em Fisioterapia do Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro.

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