Editorial DefesaNet
O Líder: suas Certezas, Dúvidas e Solidão
Podemos percorrer milênios de história. Encontraremos independente de civilização e tempo pontos convergentes nos grandes líderes militares ao longo dos séculos. O equilíbrio desses pontos de modo dinâmico é que forma um Comandante e faz dele um Líder.
Postos de forma aparentemente simples, porém profundos no dia a dia de um Líder, são três os pontos de equilíbrio:
– as Certezas
– as Dúvidas
– a Solidão.
No meio militar comecemos pelas certezas, afinal são estas que darão o ímpeto para que os seus comandados o sigam. A certeza de que o líder tem a postura correta e o que gera confiança e empatia para que os seus soldados cumpram as ordens.
As dúvidas são mortais. Um verdadeiro monstro que habita a alma de cada Líder.
Onde está Grouchy? Chegará a tempo para enfrentarmos Wellington?
Napoleão, Waterloo, 1815
Onde estão os porta-aviões americanos? – pergunta o Almirante da Armada Imperial japonesa Yamamoto ao enfrentar os seus comandados que clamavam a ordem para um segundo ataque à Base Americana de Pearl Harbor.
Almirante Yamamoto, Dezembro, 1941
As dúvidas geralmente estão na dificuldade de ver “Além da Colina” (The Other Side of the Hill), como na obra do pensador militar inglês Liddell Hart. Enfim é ter uma visão clara do que está acontecendo no campo de batalha. Mais ainda, aquele que conseguir modelar o campo de batalha aos seus interesses.
Um comandante preso às suas dúvidas não terá aquela certeza, que empolgará os seus comandados. A certeza temerária será seguida de ações imprudentes, as quais colocarão, eles, comandados, em em risco.
Outra questão é a oportunidade. Esperar pela melhor certeza e dissipar dúvidas o tempo passa e o comando fica ultrapassado.
Os dois demônios, que são as certezas e as dúvidas de um comandante, são controlados e dominados pelo Líder na mais completa solidão.
Rodeado por seu Estado-Maior, e suas tropas, nada retira-lhe o ato solitário de comandar. Só ao Líder cabe dominar seus demônios.
Quando em dois tuítes o comandante reenquadrou o sistema Jurídico Nacional, seu gesto foi tomado na mais absoluta solidão. Mesmo seus pares acharam que o Líder talvez não tivesse avaliado bem a situação.
E como Pedro negou Jesus, os comandados negaram o Líder.
Um irmão de armas procurou o exercício do equilibrismo, isto é optou por ficar sobre o muro, e outro, emudeceu!
Quando surge o Decreto Nº 9.382, de 25 de Maio de 2018, que “Autoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem na desobstrução de vias públicas”, no espectro à esquerda e à direita todos esperavam um profundo impasse e confrontos pelas ações de força na liberação das estradas.
Coube ao líder tomar a sua Decisão, mesmo contra o consenso de seu Estado-Maior (tuíte de 27 Maio 2018):
“Desejamos, o mais rápido possível, a solução desse desafio, a fim de mitigar as dificuldades crescentes da população. Reafirmamos como diretriz operacional o foco no bem-estar social e na perene negociação para evitar conflitos entre os atores diretamente envolvidos.”
Só um LÍDER, que vê além da Colina, ou numa linguagem mais atual, além do seu “Casulo Informacional”. Consegue passar a calma e lucidez para seus comandados, na ação de desmontarem dezenas de barris de pólvora prestes a explodir, nos mais diferentes recantos do Brasil.
E possui a firmeza e retidão, com os ouvidos curtidos, para resistir aos cantos de sereias, superando dúvidas e passando certezas aos liderados.