Homenagens na Itália relembram saga da Força Expedicionária Brasileira para a Tomada de Monte Castello.

O ciclo de homenagens à Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália reservou momentos especiais no dia 24 de abril. Todos eles envolveram lembranças da Tomada de Monte Castello, consolidada após cinco batalhas, entre novembro de 1944 e fevereiro de 1945.

Para reverenciar a memória dos combatentes que participaram dos confrontos, foi realizada uma cerimônia cívica no Monumento Liberazione, localizado na cidade de Gaggio Montano, no sopé da icônica elevação, vital para a progressão das tropas aliadas rumo à vitória final em terras italianas.

Participaram do evento uma comitiva do Exército Brasileiro, chefiada pelo General de Exército João Camilo Pires de Campos, representando o Comandante da Força, e autoridades italianas, como a Prefeita de Gaggio Montano, Maria Elisabetta Tanari.

 
 

Em suas palavras, a mandatária salientou a importância de relembrar os feitos da FEB. "Não é possível imaginar a liberdade da nossa região e do nosso país sem a atuação do Exército Brasileiro, que ajudou a romper a Linha Gótica. É nosso dever lembrar a solidariedade brasileira com um povo que sofria muito. Um território inteiro rende homenagem e preserva esse legado verdadeiro e profundo".

Após a cerimônia, a delegação brasileira percorreu o trajeto dos Pracinhas na subida do Monte Castello. Durante o percurso, foi possível ter uma breve noção das agruras enfrentadas pelos brasileiros. Entre o ponto inicial, em Porretta Terme, e o cume da elevação, os combatentes precisaram vencer um desnível de 800 metros.

Além do intenso fogo inimigo, com rajadas de metralhadoras e granadas de morteiros, os Pracinhas se depararam com um campo minado, em um local denominado "Vale da Morte", e o frio intenso de -20° C.

No alto do Monte Castello, ainda é possível encontrar resquícios dos combates, como estilhaços de granadas e posições defensivas alemãs, que causaram mais de 600 baixas nas linhas brasileiras, entre mortos e feridos. Ao contrário da época do conflito, o local está hoje repleto de vegetação.

Ainda assim, o visitante tem a compreensão de sua importância estratégica. De suas alturas, os germânicos controlavam o fluxo na Estrada 64, corredor viário com destino a Bolonha, de onde partiria a ofensiva final aliada na Itália. Tomar o Monte Castello, portanto, era essencial. Sua conquista é um marco na historiografia militar brasileira.

Mais homenagens

 
 

Nessa mesma data, a comitiva do Exército Brasileiro participou de outros eventos em homenagem aos Febianos. Na localidade de Bombiana, foi realizada uma cerimônia no Monumento ao Frei Orlando, nome religioso do Capitão Antônio Álvares da Silva. Ele foi Capelão Militar da FEB e morreu em 20 de fevereiro de 1945, véspera do ataque final ao Monte Castello, quando prestava assistência religiosa aos militares que estavam no front. A morte do Patrono do Serviço de Assistência Religiosa se deu por conta do disparo acidental de um partigiano, integrante da resistência civil italiana.

Os "Dezessete de Abetaia" também foram lembrados, em uma cerimônia que ocorreu no monumento que lhes rende homenagem, situado no local de mesmo nome. O espaço rende tributo a 17 militares do 1º e 11º Regimentos de Infantaria, que realizavam patrulha preparatória para o quarto ataque a Monte Castello, mas foram surpreendidos pelos alemães no dia 12 de novembro de 1944. Seus corpos, conservados pela neve do inverno italiano, só foram resgatados um dia após a tomada daquela elevação.

Antigo Quartel-General da Artilharia Divisionária da FEB, na Itália, recebe delegação brasileira pela 1ª vez

Comandada pelo General Osvaldo Cordeiro de Farias, a Artilharia Divisionária (AD) apoiou pelo fogo o avanço da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1944 e 1945. Conforme as tropas progrediam no terreno italiano, o Comando da AD acompanhava a evolução do combate, com seu Quartel-General (QG) ocupando diferentes posições. Uma delas foi o Castelo Rocchetta Mattei, em Riola, distrito da cidade de Vergato. Na tarde de 23 de abril, ocorreu a primeira visita oficial de uma delegação do Exército Brasileiro ao local, que mantém intacto seu esplendor.

Quando a região estava sob domínio germânico, a Rocchetta Mattei serviu como base para as tropas nazistas, por sua posição estratégica. Após as conquistas de Monte Castello e La Serra, ambas em fevereiro de 1945, o próximo objetivo da FEB passou a ser Castelnuovo.

 
 

Para apoiar esse avanço, a AD usou como QG aquele castelo, erguido pelo Conde Cesare Mattei, na década de 1850, sobre a base de uma construção medieval do Século XII. O Comando da AD permaneceu no local de 28 de fevereiro a 5 de março de 1945, quando a vitória em Castelnuovo foi consolidada.

Durante a inédita visita, o General de Exército João Camilo Pires de Campos, representante do Comandante do Exército, revelou a emoção pessoal por estar presente na Rocchetta Mattei. “É um momento histórico para o Exército e também para esse velho soldado, pois tive o privilégio de comandar a AD/1 (Niterói/RJ), originada da Artilharia Divisionária da FEB, que deu sua parcela de contribuição na Campanha da Itália”. Já o vice-prefeito de Vergato, Franco Rubini, saudou a ocasião como “uma oportunidade para lembrar o sacrifício dos militares brasileiros, que vieram de tão longe, para lutar pela libertação da Itália”.

Fotos: S Ten Edmilson Agência Verde-Oliva / EB

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