WandeII Seixas
Diário da Manhã / Goiânia
A Agência Brasileia da Inteligência (ABIN) está antenada para eventuais atos de agroterrorismo na atividade agropecuária nacional. O Brasil, na condição de um dos líderes no ranking na produção, abastecimento e exportação de carnes, grãos e frutas está sujeito a ameaças a países concorrentes, através de grupos extremistas.
Bioterrorismo é o uso de armas biológicas visando a criar pânico, insegurança, medo e traumas coletivos. Oficiais de inteligência da ABIN em Goiânia estiveram participando da 1ª Reunião dos Fundos Emergenciais para Saúde Animal, que reuniu mais de setenta pessoas ligadas à sanidade do agro no País.
Um deles proferiu palestra manifestando sobre os riscos de agroterrorismo. Os seus nomes deixam de ser revelados ao público atendendo a solicitação da instituição ao Diário da Manhã. Segundo a ABIN existe espionagem no Brasil, causando peocupação quanto às pesquisas agronômicas. A EMBRAPA produz uma série de pesquisas estratégicas de interesse comum e identifica benefícios para o agronegócio.
“Elas precisam ser protegidas”, comentou. A sugestão da instituição é criar planos integrados de prevenção, preparo e resposta, reunindo entidades públicas e privadas. Conforme revelou uma missão irlandesa esteve em estados produtores brasileiros, colheu informações praticamente a à vontade e produziu material em vídeo, divulgado na Europa, contra o Brasil.
Outro exemplo a vassoura da bruxa no cacau da Bahia foi produzida e a Polícia Federal contribuiu para conter a praga, alertada pelos organismos de segurança. A retomada da exportação de amêndoa de cacau se deu após 20 anos. Foi a mais importante ação de agroterrorismo feita no Brasil. (Ver a matéria Petistas são acusados de disseminar a praga que destruiu a lavoura de cacau no sul da Bahia Link)
Ações de Agroterorismo
Os exemplos pululam pelo mundo. A praga no cacau baiano foi identificada no Peru e pode entrar no Brasil pelo Acre. O besouro asiático, incrustado em embalagens de madeira, poderia acabar com plantações de pinus e eucaliptos. A cochonilha rosada ataca mais de 100 espécies de frutas e o ácaro do arroz pode exterminar as tradicionais plantações do sul do país.
Na área anima, o registro da “vaca louca”, que atinge o sistema nervoso dos animais e tem uma variante humana (o mal de Creutzfeldt-Jacob) fecharia todos os mercados para a carne bovina nacional e teria um impacto brutal nas vendas internas.
“O Brasil cresceu no mercado externo a partir da “vaca louca” na Europa e nos EUA”. A gripe aviária, que ameaça virar uma pandemia, seria um desastre à produção nacional. “E pode virar uma doença humana”, diz o especialista em genética e melhoramento de plantas, agrônomo Afonso Candeira Valois, que trabalha no grupo com o conceito bastante concreto de segurança biológica.
A ABIN é um órgão da Presidência da República, vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional, responsável por fornecer ao presidente da República e a seus ministros informações e análises estratégicas oportunas e confiáveis, necessárias ao processo de decisão.
A instituição tem por missão assegurar que o executivo federal tenha acesso a conhecimento relativos à segurança do Estado e da Sociedade, como os que envolvem defesa externa, relações exteriores, segurança interna, desenvolvimento socioeconômico e desenvolvimento científico-tecnológico.
Agroterrorismo e Sabotagem
O oficial de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência Danilo Coelho defendeu, em recente ato na Câmara Federal, reafirmando ato semelhante da instituição em Goiânia, que o Brasil se prepare melhor para a possibilidades na agricultura nacional. Ele participou da audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional sobre ameaças de armas químicas e biológicas.
O representante da ABIN destacou que o Brasil não tem lista de agentes químicos- biológico selecionados que deveriam ser objetos de controle e de políticas públicas internas, tal qual outros países. A agência prefere falar em agentes químico- biológicos, em vez de armas, já que eles podem ser produzidos em um evento acidental em um laboratório, por exemplo. Segundo Coelho a disseminação poderia ter efeitos enormes na economia do País, como disseminação proposital do virús da febre aftosa no rebanho bovino.
"O agroterrorismo e sabotagem na agricultura nacional e no meio ambiente deveriam ser temas mais debatidos pelo País", disse. Para Coelho, no raso de armas químicas e biológicas, a ameaça não estatal, inclusive por parte de agentes Internos, é maior do que a ameaça estatal, na medida em que o Pais é pacifico.
Ele defendeu que se criem mecanismos para que atores não tenham acesso aos agentes químicos-biológicos selecionados. Ainda conforme o oficial de inteligência é preciso fomentar cultura de proteção, para que um agricultor que encontre uma exótica na lavoura, por exemplo, fruto do agroterrorismo, saiba o que fazer e a quem recorrer.
Além da educação para a cultura de proteção biológica e química, o representante da ABIN defendeu que bombeiros e polícias tenham equipes especializadas para responder a estes eventos e que sejam elaborados planos em nível nacional e estadual para o caso de ameaças dessa ordem
Ele ressaltou quer o Brasil construiu planos voltados para grandes eventos que ocorreram no País, mas que é preciso manter o legado e transformá-los em planos perenes. Para ele, a Defesa Civil é preparada para desastres naturais, mas não para desastres químico – biológicos. Segundo ele, essas ações não dependem de mais recursos da reorganização de estruturas já existentes.
PLANO DE RESPOSTA
O Deputado Vinicius de Carvalho (PRB-SP), que solicitou a audiência, também acredita que o Brasil não tem plano de resposta para eventuais ataques químico-biológicos e nem cultura de proteção. Ele mencionou, por exemplo, que o número da Defesa Civil para casos de emergência não responde prontamente.
O Coronel Chamon Malizia de Lamare, da subchefia de Operações do Ministério da Defesa, afirmou que o Brasil incrementou os esforços para desenvolver expertise na área desde a tragédia do Césio 137, ocorrida em 1987, em Goiânia, o maior acidente radiotivo do mundo fora de uma usina nuclear.
Ele observou ainda, que os grandes eventos – como visita do Papa ao Brasil em 2007, a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas(2016) – deram impulso para o país se desenvolver nessa área.
“Os grandes eventos permitiram a aquisição de novos equipamentos”, disse. Além disso, segundo ele, permitiram que diversas simulações de incidentes fossem feitas.
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