War Drums- FAB: Operação Tápio: Prontos a qualquer hora

 

Tenente Jornalista Cristiane dos Santos

Publicado na Aerovisão Jul/Ago/Set/2019

 

A República Centro-Africana, ou República da África Central, é uma nação do continente africano. Sem fronteira marítima, seu território é rodeado pelo Sudão (a leste), República Democrática do Congo (ao sul), Congo (a sudoeste), Camarões (a oeste) e Chade (ao norte). O país é coberto por savanas e abriga reservas de animais selvagens.

 

Nota DefesaNet

A caracterização do Cenário Operacional descrito na matéria não condiz com a sofisticação da Operação Tápio.

O Leitor pode ler nas entrelinhas informações muito claras sobre o real Cenário Operacional, muito mais próximos, que foi desenhado.

Mesmo o artigo com uma redação cuidadosa, evitando avançar em detalhes operacionais, dá uma visão da sofisticação do Operação Tapio.  

O Edifor

 

A nação africana se encontra em uma parte do continente onde o genocídio e a barbárie são uma triste rotina, sofrendo há anos com guerra após guerra.

 

Ao avistar um cenário como esse, com necessidade de emprego da força para estabilização do país por meio de uma missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), a Força Aérea Brasileira (FAB) adestrou, de forma intensa durante 25 dias, seus Esquadrões e Unidades de Infantaria. Com essa concepção, foi planejado o Exercício Operacional Tápio (EXOP Tápio), que ocorreu no segundo trimestre de 2019, na Ala 5, em Campo Grande (MS).

 

Na ocasião, foram cumpridas mais de 1.200 horas de voo na execução de 16 tipos diferentes de ações de Força Aérea, com envolvimento de mais de 600 militares da FAB e 47 aeronaves, entre aviões e helicópteros. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) participaram do exercício para realizar intercâmbio operacional e alguns treinamentos..

Para o ano de 2019, três cenários distintos são o foco do adestramento das equipagens, utilizados para nortear os exercícios operacionais: o EXOP Tínea, voltado para o treinamento de um conflito convencional com uma força aérea inimiga; o EXOP Caribides, também direcionado para um cenário de guerra regular, mas com foco na área marítima; e o EXOP Tápio, com viés de guerra irregular, ou seja, o combate é contra forças insurgentes ou paramilitares, comumente encontradas em missões da ONU.

De acordo com o Comandante da Ala 5 e Diretor do EXOP Tápio, Brigadeiro do Ar Augusto Cesar Abreu dos Santos, o treinamento foi baseado em capacidades e faz parte da doutrina operacional da instituição.

“Nestes três cenários, temos o de guerra clássica de força aérea, voltado para a superioridade aérea; temos o cenário marítimo; e temos o cenário de guerra irregular, o Tápio, que, no nosso entendimento, é a hipótese mais provável de emprego da Força Aérea”, afirmou.

Aeronave tática A-1 com o pod designador de alvos Rafael Litening.

 

Todo o treinamento envolveu atividades que estabelecem a combinação adequada de pessoas e meios para alcançar determinado efeito.

Nesse contexto, foram realizados oito Composite Air Operations (COMAO), traduzido na doutrina brasileira como Missão Aérea Composta, quando há envolvimento silmultâneo de várias aeronaves e Esquadrões em uma missão. Os COMAO aconteceram intercalados com workshops e voos para nivelamento de conhecimento.

 

Os COMAO são complexos: podem envolver até 100 militares em 30 aeronaves de performances diferentes, que objetivam o cumprimento de diversas ações simultâneas, em tempo reduzido e espaço limitado. O desafio é unir os vetores de forma sinérgica, segura e complementar um ao outro, considerando as doutrinas e as peculiaridades de cada aviação. A intenção do exercício também é a integração das aeronaves, visando potencializar as capacidades de emprego e permitir que o ingresso no território inimigo ocorra de forma otimizada. No EXOP Tápio, o adestramento ocorreu também no período noturno, com a utilização de flare, equipamento usado para desviar mísseis guiados pelo calor, e NVG (óculos de visão noturna, do inglês Night Vision Goggles). Foram oito COMAO, sendo quatro após o anoitecer.

O Tenente-Aviador André Affonso Vidal, integrante do Esquadrão Puma (3º/8º GAV), observou que a realização do voo noturno durante o EXOP Tápio cumpriu a missão do exercício – o adestramento em cenário de combate. “No voo noturno, a nossa intenção é negar a detecção visual pelo inimigo. Então, nós voamos baixo e com todas as luzes apagadas, difi cultando bastante a identificação”, explica.

O Major Aviador Edgar Barcellos Carneiro, integrante do Esquadrão Centauro (3º/10º GAV) e comandante de um COMAO noturno, ressaltou o desafio de unir diversas ações às variadas aeronaves da Força Aérea.

“Tivemos aeronaves de caça a jato e de caça turbo hélice, tanto para emprego quanto para designação de ataque contra outras aeronaves; de transporte, realizando coordenação aérea para infiltração e exfiltração de evasor e lançamento de paraquedistas e de carga; e helicópteros, no resgate e na escolta”, exemplificou.

 

Além disso, também era considerada a tática de cada aviação, a segurança e, principalmente, a sinergia das ações. “Outro desafio foi conciliar a segurança da operação com a parte tática. Tinha que ser extremamente seguro e cumprir totalmente o requisito tático”, disse o Major Carneiro.

 

Para cumprir a tarefa em meio à escuridão, a tripulação usou óculos de visão noturna. Praticamente todas as aeronaves voaram com NVG.

 

Aquelas que não possuíam o equipamento, voaram separadas, em apoio, mas dentro do pacote.

 

A complexidade do idioma também foi introduzida de forma gradativa nos COMAO: inicialmente, briefing, fraseologia, contato com a força no solo, conversação e debrifing foram feitos em português; a cada evento, o inglês foi gradativamente inserido, até chegar a 100% da língua estrangeira, como nas missões da ONU.

 

Outro incremento foi em relação à avaliação. Cada ação foi aferida, por meio de equipamentos de gravação, sinal de GPS e relatórios, buscando o resultado, principalmente, do engajamento entre a antiaérea e a aeronave. O Chefe da Célula de Avaliação do Exercício, Major Aviador Arthur Ribas Teixeira, explica a importância de aferir as necessidades de preparo. “É um exercício diferente, se comparado com outros realizados pela FAB. É a oportunidade de unir todas as aviações e montar treinamentos baseados nos aprendizados que adquirimos; por isso, é essencial avaliar resultados”, disse.

 

Até 2016, os exercícios aconteciam de forma isolada no âmbito das extintas Forças Aéreas (FAE). Desde o início do processo de Reestruturação da FAB, o Comando de Preparo (COMPREP) passou a adestrar os esquadrões em exercícios conjuntos. No Tápio, foi possível treinar, por exemplo, a aplicação de asas rotativas em ações de Busca e Salvamento em Combate (CSAR, em inglês Combat Search and Rescue). O Atendimento Pré–Hospitalar Tático (APH) foi um dos adestramentos do CSAR, inclusive com atividades noturnas.

A proposta foi colocar os homens de resgate em situações hostis e sob ameaça para realização de atendimentos médicos.

 

O Tápio procurou conciliar missões de ataque, de apoio aéreo aproximado, de reconhecimento e de CSAR. A Aviação de Transporte foi bastante requisitada nas ações operacionais. O C-95M Bandeirante, o C-130 Hércules e o C-105 Amazonas realizaram lançamento de cargas e de pessoal, em todas as modalidades e em várias áreas diferentes, onde foi preciso realizar um trabalho integrado com a Aviação de Reconhecimento e com a tropa do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS), mais conhecido como PARA-SAR, para identificação de eventual obstáculo, por exemplo.

O Tenente-Aviador Matheus Cerutti Martins, piloto do Esquadrão Onça (1º/15º GAV), participou do EXOP Tápio e acredita que o sucesso de uma missão se deve não apenas às potencialidades das aeronaves e tecnologias empregadas, mas também às capacidades das tropas. “Temos a oportunidade de refletirmos sobre o poder da Força Aérea, que vai além das aeronaves e das tecnologias. É importante também contar com tropas coesas, treinadas e disciplinadas.

É o que encontramos aqui. Esse tipo de exercício exigiu muita coordenação para que tudo ocorresse conforme planejado. Esse foi o grande desafio: reunir as unidade operacionais para analisar nossa aplicação, nosso preparo, e, com isso, utilizar da melhor forma nossas capacidades”, concluiu.

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Aeronave de Alerta Antecipada E-99.

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