O Simulador como Ferramenta para o Adestramento e como Teste da Doutrina

Em decorrência da complexidade de uma atividade de tiro real pela Função de Combate Fogos, o Simulador de Apoio de Fogo desponta com um papel fundamental para o adestramento e para a experimentação doutrinária a ela relacionada, além de elevar a qualidade do ensino e da instrução.

Introdução

Desde a aprovação da Estratégia Nacional de Defesa (END) e da expedição da Estratégia Braço Forte (EBF), a Força Terrestre vem desenvolvendo e executando importantes programas e projetos. Essa postura busca transformar as suas capacidades, para aumentar a sua presença nacional, aprimorar a sua integração com outras forças, modernizar seus meios de combate, desenvolver novos produtos nacionais, atualizar seu ciclo de adestramento e doutrina, além de manter a sua operacionalidade.

O adestramento, de acordo com o Sistema de Instrução Militar do Exército Brasileiro (SIMEB), é, em linhas gerais, o conjunto de atividades que capacitam uma unidade a participar de Operações Militares. A doutrina, conforme o Sistema de Doutrina Militar Terrestre (SIDOMT) é o conjunto de princípios, de conceitos, de normas e de procedimentos que visam estabelecer ideias e orientar ações estruturadas em experiências.

Com base no exposto, o Simulador de Apoio de Fogo (SIMAF) surge com o objetivo de elevar a qualidade do ensino Obuseiros na Inauguração do SIMAF da AMAN e da instrução, contemplando, assim, interesses presentes nas diretrizes em vigor. Além disso, em virtude da complexidade da realização de uma atividade de tiro real pela Função de Combate Fogos, contando com restrições de áreas e de custos, o SIMAF desponta com um papel fundamental para o adestramento e para a experimentação doutrinária.

Dessa forma, diversas condicionantes foram consideradas para que, ao tomá-las como premissas, fossem aprimorados os conceitos e os princípios e fosse desenvolvido o adestramento por meio de simuladores. As condicionantes relacionadas ao adestramento seriam: a complexidade do combate, a multiplicidade de missões, os elevados riscos e os complexos procedimentos, impondo uma sequência de estudos que visariam a atingir as capacidades necessárias para melhor instruir os futuros usuários.

Quanto às condicionantes relacionadas à doutrina, como a forma de melhor combater, de organizar e de equipar a tropa, houve a necessidade de criar mecanismos que facilitem a formulação de produtos doutrinários e busquem favorecer o assessoramento ao escalão superior sobre a Validação Doutrinária.

Do Simulador para o Adestramento

Conforme levantamentos realizados pelo EB, revelados pelo Projeto de Força, constatou-se a existência de diversos pontos críticos, inclusive relacionados à obsolescência, nos quesitos: material, técnico e tático, que atingem todas as Armas, Quadros e Serviços.

Dessa forma, nos últimos anos, o adestramento militar vem passando por diversas modificações em suas diretrizes e em suas condutas, a fim de possibilitar uma melhor capacitação da Força Terrestre. Nesse contexto, a inclusão de novas ferramentas, dedicadas ao aprimoramento do ensino e ao desenvolvimento de novas capacidades, mostra-se fundamental para o êxito no preparo das tropas de diversas naturezas.

A simulação, como ferramenta voltada para a instrução, permite uma melhor transmissão dos conhecimentos específicos e das práticas de Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP). Possibilita, ainda, a execução progressiva de exercícios, objetivando, gradativamente, adestrar a fração dentro de um contexto tático. Por isso, faz-se necessário adquirir meios e aperfeiçoar métodos de ensino e de adestramento, em uma estrutura modelo, para que se possa proporcionar as melhores condições ao usuário.

Visando à necessidade de melhor organizar os processos voltados ao treinamento do Sistema de Apoio de Fogo, o SIMAF demonstra possuir os requisitos necessários para um melhor preparo dos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC) e dos Pelotões de Morteiro Pesado 120 mm. Com o uso de modernos simuladores, de pessoal especializado e de métodos inovadores, tornará possível a execução de um variado número de exercícios interarmas, favorecendo a integração de Organizações Militares com seus adestramentos.

Quanto aos possíveis riscos relacionados à atividade militar, o simulador proporcionará a continuidade de um treinamento em ambiente controlado, oferecendo sempre a máxima fidelidade do combate, reduzindo riscos de baixa de material e de pessoal e possibilitando a imersão necessária para as tomadas de decisão.

Poderá, também, padronizar a forma de preparo e a aplicação do conhecimento, uniformizando práticas que serão empregadas nas inúmeras operações que surgirem. Não menos significante, compensará diversas restrições, como o uso excessivo do meio ambiente, o emprego de material de difícil reposição e o gasto elevado com combustível e munição.

Do Simulador para a Doutrina

A Doutrina Militar, de acordo com o SIDOMT, vem sofrendo constantes evoluções, com a finalidade de acompanhar as transformações da Força Terrestre. A reorganização de estruturas vitais e a implantação de novas metodologias, com a aquisição de modernos equipamentos, surgem graças à exigência de se atualizar conceitos e procedimentos doutrinários, moldando-os às novas características provenientes do combate moderno.

Baseando-se nas Instruções Provisórias 100-1 (Doutrina Delta), para que se obtenha um efeito positivo no Teatro de Operações, é de grande importância que a campanha seja conduzida ofensivamente e que as decisões sejam tomadas no menor tempo possível, a fim de aprofundar o combate e buscar o mínimo de baixas.

Então, somandose aos fatores de êxito, como a rapidez, a iniciativa, a flexibilidade e a sincronização, a Função de Combate Fogos irrompe com grande relevância para a conquista da vitória no campo de batalha.

Dessa forma, caberá ao SIMAF preservar essas características e aprimorar as práticas dos meios de combate do Sistema de Apoio de Fogo, aprofundando, principalmente, o emprego dos Subsistemas Observação, Controle e Direção de Tiro, Linha de Fogo e Comunicações.

Além disso, a manutenção das modernas concepções doutrinárias, tais como o emprego de máximo poder relativo de combate e do contínuo apoio ao combate ofensivo, será extremamente evidente, por serem esses princípios basilares. Também, utilizando-se dos meios de simulação, proporcionará a execução de experimentações doutrinárias, acrescentando, de forma incondicional à Força, produtos doutrinários que serão essenciais e de grande valia para a evolução da Doutrina Militar Terrestre.

Das Vantagens para a Força

Com a contínua transformação da Força Terrestre, o SIMAF enquadra-se como um modelo em consonância com a realidade militar mundial moderna. O seu emprego permitirá adquirir equipamentos de simulação de ponta e adotar metodologias de ensino e de adestramento que permitirão manter, ao máximo, o preparo e o emprego das frações voltadas à Função de Combate Fogos, bem como a integração com a Função de Combate Manobra.

Além disso, atendendo a aspectos relacionados ao Projeto de Força do Exército Brasileiro (PROFORÇA), o simulador fomentará o aumento da consciência sobre a complexidade do combate de amplo espectro; possibilitará um melhor controle e a aplicação de recursos envolvendo treinamento; permitirá a busca por uma total integração com outras Armas, harmonizando práticas e promovendo intercâmbios; reforçará as capacidades operativas, colaborando na obtenção dos efeitos operacionais e técnicos desejados; e proporcionará, em diversas circunstâncias, a experimentação doutrinária por meio do seu sistema de adestramento.

Conclusão

Tendo em vista os aspectos mencionados nesse artigo, observa-se que o Exército iniciou uma caminhada rumo ao desenvolvimento de novas capacidades, evento esse que não permitirá retrocessos, em virtude das consequentes modificações nas concepções que, hoje, orientam a Força. Com isso, as novas exigências forçam a otimização de sistemas que não permitam que o curso dessa transformação seja interrompido.

Por isso, a necessidade de se ter um estabelecimento como o SIMAF para o adestramento militar vai muito além da possibilidade de contenção de gastos e de preservação do material operacional.

Nota-se que seus benefícios resumem-se a quatro aspectos principais: a construção de um modelo de aprendizagem próprio que busque compreender como utilizar determinado equipamento; a transferência positiva de habilidades para superar as adversidades do combate moderno, através da simulação no adestramento; a padronização da integração e da interoperabilidade de equipamentos e métodos comuns aos usuários; e a execução de experimentações doutrinárias que permitirão, por meio de produtos doutrinários, ratificar ou retificar conceitos, normas e procedimentos, a fim de se obter o efeito estratégico, operacional ou tático pretendido.

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Vídeos:

Operação Centauro 2015

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