TOA – CC Dispara na Amazônia – Dia Histórico para a Cavalaria Brasileira


Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet

O dia 29 de Setembro 2015 é um dia histórico para a Arma da Cavalaria do Exército Brasileiro. Neste dia uma Viatura Blindada de Combate Carro de Combate (VBC CC) M60 A3TTS, do 20º Regimento de Cavalaria Blindado (RCB), de Campo Grande (MS), disparou sete vezes o seu canhão de 105mm, no Lavrado (terreno similar ao cerrado de Goiás),  em Roraima (RR).

A 1ª Brigada de Infantaria de Selva conduziu o tiro da Viatura Blindada de Combate CC M-60A3TTS,  realizado na Serra do Tucano, Município de Bonfim, próximo à capital Boa Vista do Estado de Roraima. É a primeira vez na história, que um Carro de Combate opera e dispara no Teatro de Operações da Amazônia e no extremo setentrional do Brasil.

O transporte de um Carro de Combate, pesando mais de 50 toneladas, desde a cidade de Campo Grande (MS), até Boa Vista (RR), é um evento, mesmo para os dias de hoje, digno de um Bernardo Sayão (Desbravador da Amazônia que construiu a Rodovia Belém – Brasília).

Além dos disparos também foram realizados testes de mobilidade no terreno e identificar o comportamento de um veículo de lagarta, e de 50 toneladas, no terreno típico da região, o Lavrado.  Terreno seco e firme com características similares ao cerrado goiano e até o pampa gaúcho.

O deslocamento

No dia 12 de setembro, uma plataforma de transporte do 9º Grupamento Logístico (9º Gpt Log) deu início à pioneira missão de transporte de uma Viatura Blindada de Combate CC M 60 A3 TTS, do 20º Regimento de Cavalaria Blindado, de Campo Grande (MS) para a Guarnição de Boa Vista (RR), com um trajeto previsto de  cerca de 8.480 km.


Etapas do percurso dos quase 9.000 km desde Campo Grande,
Mato Grosso do Sul até Boa Vista, Roraima. Arte DefesaNet

Por via terrestre a carreta com batedores deslocou-se até Porto Velho (RO). Dali por Balsa  foi transportada até Manaus (AM), uma viagem que durou 10 dias, dois a mais do que o previsto.

De Manaus até Boa Vista foram mais 800 km, pela BR174. O percurso tanto de ida, quanto de volta foi e será realizado por vias terrestre e fluvial, com o apoio de organizações militares diversas, situadas ao longo do itinerário.

O comboio de transporte tem a previsão de chegada de retorno, à Campo Grande, em 18 de outubro de 2015.

O Objetivo

O Objetivo traçado pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e o Comando do Exército é o de levantar custos, tempo e principais pontos para o planejamento de deslocar um esquadrão ou até um Regimento de Carros de Combate (RCC), em caso de necessidade para a Região Amazônica.

Este deslocamento seria em apoio ao 12º  Esquadrão de Cavalaria Mecanizado sediado em Boa Vista,( RR),  equipado com viaturas Cascavel e Urutu que compõem a 1ª Brigada de Infantaria de Selva (Bda Inf Sl), criado na década de 1980.

A escolha do M-60A3TTS (Tank Thermal Sight) foi pela unidade estar mais próxima (Campo Grande), que as demais unidades equipadas com o VBC CC Leopard1A5Br localizadas mais ao Sul, nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul.

Em 2010 o Estado-Maior do Exército decidiu reposicionar todas VBCCC M60A3TTS em Campo Grande. Movendo-as do Sul, em especial do Estado do Paraná (5ª  DE)

Os planos deste deslocamento constam já há vários anos, em 2009 houve abertura de edital para solicitação de ofertas de transporte rodoviário do Rio de Janeiro para Boa Vista.

A atual missão faz parte do Projeto M60 e da experimentação doutrinária, versando sobre a Nova Logística Militar Terrestre, em desenvolvimento pelo Comando do Exército e do Ministério da Defesa.

Quando o exército concentrou os meios blindados no sul do país, em especial Santa Maria, e posteriormente um grupamento no Centro-Oeste surgiu a questão de como deslocar este equipamentos de peso elevado e grandes dimensões de suas bases para um Teatro de Operações distante como na Amazônia ou Nordeste.

A Diplomacia Militar

Embora fonte do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), em declaração ao DefesaNet, afirme que este exercício logístico, tinha seu foco somente no planejamento é importante ressaltar que trata-se também de um exercício da Diplomacia Militar de Brasília. Com dois focos, um no âmbito latino-americano e outro fora do continente.   

Ao levar um VBCCC M60A3TTS para disparar no Lavrado de Roraima os sete disparos do canhão de 105mm ecoaram em vários pontos do continente. Em especial, no Palácio Miraflores, sede do governo Venezuelano.

Ao levar um VBCC M60A3 TTS, de fabricação americana em vez do alemão Leopard1A5Br,  o carro padrão do Exército Brasileiro,  outra mensagem mais sutil. Agora para o governo da Chanceler Merkel, sempre envolvida com as combativas alas Grüner (verdes) do espectro político daquele país, que ficariam agitadas em ver um equipamento alemão operando na Amazônia.

(Nota DefesaNet – Ver a matéria Operação CURARE VI – Crimes Transfronteiriços e Diplomacia Militar Link)


A interoperabilidade

Na parte logística o planejamento de deslocamento de unidades militares pelo Brasil assume contornos de complexas operações de logística militar.

No caso da unidade, o objetivo foi incrementar a interoperabilidade e o adestramento das atividades relativas ao Grupo Funcional Transporte, com a experimentação doutrinária do 9º Batalhão de Transporte, Unidade Logística em caráter experimental, orgânica do 9º Gpt Log.

A Interoperabilidade pode ser exemplificada no fato de o  Tenente-Brigadeiro-do-Ar Antônio Carlos Moretti Bermudez, Chefe de Logística do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas ter tido a opurtanidade de disparar a arma principal do carro de combate. É o primeiro Brigadeiro  a disparar o canhão  de 105mm de um carro de combate.

Participaram também do evento no município de Bonfim, os seguintes oficiais:

– Gen Bda Mansur – 1ª Bda Inf Sl
– Gen Eufrasio – MD
– Cel Medina – 9º Grupamento Logístico
– Cel Perez Mazó – 9º Grupamento Logístico

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