Caso JANGO – Procuradora quer ouvir Kissinger


Felipe Bächtold
de São Paulo

 
A Procuradoria da República do Rio Grande do Sul tenta localizar o ex-secretário de Defesa americano Henry Kissinger, um dos personagens mais conhecidos da Guerra Fria, para que ele fale sobre a morte do presidente João Goulart.

A pedido da família, o Ministério Público Federal apura as circunstâncias da morte do presidente, deposto pelo golpe de 1964.

Nesta terça-feira (6), fará 40 anos que Jango, como era conhecido, morreu no exílio, na Argentina.

A versão divulgada à época era a de que ele sofreu um infarto, mas existe a suspeita de que tenha sido assassinado por envenenamento.

Há três anos, o corpo foi exumado para perícia, mas o resultado foi inconclusivo.

A Procuradoria incluiu, além de Kissinger, dois agentes da CIA e um subsecretário do governo americano na lista de depoimentos.

O Ministério Público afirma que há evidências de que os americanos apoiaram golpes no continente e há necessidade de elucidar o "apoio estrutural" americano a ditaduras, incluindo o "envolvimento direto de indivíduos em assassinatos políticos".

Kissinger, hoje com 93 anos, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1973 e é criticado por violação de direitos humanos dos Estados Unidos pelo mundo nos anos 1970, quando ocupou a Secretaria de Estado.

Em 2014, a procuradora Suzete Bragagnolo buscou ajuda da Procuradoria-Geral da República para "localização e inquirição" do ex-secretário.

O órgão, por sua vez, fez ao Ministério da Justiça um pedido de cooperação internacional junto aos Estados Unidos para a realização da audiência. A pasta repassou ao Itamaraty. A Folha questionou os ministérios sobre o pedido, mas não houve resposta.

Em 2015, Kissinger se reuniu com a então presidente Dilma Rousseff em Nova York. Na ocasião, ele disse que não houve tempo para discutir a política externa dos Estados Unidos nos anos 1970.

INQUÉRITO CIVIL

Um dos principais argumentos a favor da apuração foi um depoimento do uruguaio Mario Neira Barreiro, que diz ter atuado na espionagem a Jango e ter ficado sabendo de um plano para matar o presidente deposto.

Relatório da Comissão Nacional da Verdade, criada para apurar crimes do regime militar no Brasil, apontou que não há dados que comprovem que o uruguaio tenha atuado em ações de inteligência.

O documento, no entanto, afirma que há provas de que Jango foi espionado durante todo o período no exílio, a partir de 1964, e que esse monitoramento se intensificou meses antes da morte.

Os defensores da tese de assassinato citam uma possível ação da Operação Condor, a aliança entre as ditaduras do continente. No ano da morte de Jango, houve um golpe militar na Argentina que deu início a uma das mais sangrentas ditaduras do continente.

O caso Jango também é investigado por autoridades da Argentina, que mantêm um intercâmbio com o Brasil.

A procuradora da República responsável pela investigação, Suzete Bragagnolo, diz que documentos sobre as ditaduras daquela época que estão sendo gradualmente revelados dão uma perspectiva de se descobrir novidades sobre o caso. Ela diz que aguarda os pedidos de cooperação internacional e que "vai esgotar as possibilidades" de elucidação.

Militares da época já prestaram depoimentos à Procuradoria e disseram desconhecer qualquer plano para matá-lo. "A maioria não admite nem que tenha havido tortura (no regime militar), então fica complicado", diz Bragagnolo.

Nota DefesaNet

Ação após ação o destino é o mesmo a desmoralização.

O famoso plano da Operação Condor de matar os líderes políticos oposicionistas brasileiros: Juscelino (JK), Jango e  Brizola.

Todas as investigações até o momento terminam inconclusivas, uma saída adotada para não passar recibo de fracasso.

A retomada das investigações consta da pauta "Anti Militar" usual da imprensa em especial da FSP.

O Editor 

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