Comandante da Aeronáutica defende parceiras da Embraer com outras empresas

Alex Rodrigues / EBC

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, afirmou nesta quarta-feira que a Embraer precisa analisar propostas de parcerias com outras empresas sob risco de ficar sem recursos para investimentos.

“É justo que a empresa analise as possibilidades de negócios”, disse Rossato durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, segundo a Agência Câmara.

“Não existe nada de concreto, há estudos sendo feitos, mas nós estamos considerando muito essa questão de soberania”, acrescentou o brigadeiro, segundo a agência, se referindo à críticas de deputados que defendem que a Embraer seja mantida integralmente.

Embraer e a norte-americana Boeing discutem um potencial acordo de união de negócios desde o final do ano passado e há meses têm afirmado que as discussões estão avançando no grupo de trabalho formado pelo governo brasileiro para discutir o assunto. O Brasil detém uma golden share na Embraer e por isso tem direito a vetar decisões de cunho estratégico da companhia.

Na véspera, reunião do grupo com o presidente Michel Temer terminou sem avanços aparentes, com uma fonte próxima da situação afirmando à Reuters que ainda não há sinais de que uma solução definitiva para um acordo entre as empresas seja aprontada para um horizonte próximo.

Brigadeiro Rossato e o Ministro da Defesa Silva e Luna na audiência da Comissão de Defesa daCâmara Federal. Foto Câmara

Na comissão, nesta quarta-feira, segundo a Agência Câmara, Rossato chegou a comentar aos deputados que os engenheiros da Embraer podem correr risco de demissão se a empresa não obter novos programas de desenvolvimento de produtos, afirmando que os projetos de desenvolvimento da nova família de jatos de passageiros E-2 e do cargueiro KC-390 estão sendo concluídos pela companhia.

Questionado pelos parlamentares sobre a venda de parte da Embraer para a norte-americana Boeing, Rossato respondeu que os entendimentos feitos até agora preservam totalmente as subsidiárias da empresa brasileira na área de defesa, informou a agência.

Também presente na audiência, o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, afirmou que os cortes de recursos do ministério reduziram a capacidade de investimento militar no país. Rossato afirmou que a maior parte dos empreendimentos da Embraer (na área de Defesa) são gerados pelo governo.

As ações da Embraer encerraram o dia em alta de 3,7 por cento, cotadas a 26,95 reais. Mais cedo, os papéis chegaram a subir quase 8 por cento em meio às expectativas dos investidores sobre um anúncio de parceria da empresa com a Boeing.

Associação da Embraer não impedirá acesso a conhecimento tecnológico¹

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, defendeu, hoje (5), a associação da Embraer com a norte-americana Boeing como forma de garantir o acesso da fabricante de aeronaves brasileira a novos mercados e a manutenção de empregos.

Para o militar, o importante é que o Brasil mantenha o pleno acesso a todo conhecimento tecnológico que vier a ser desenvolvido caso a Boeing assuma o controle por meio da eventual joint venture. A joint venture é um acordo entre duas ou mais empresas que estabelece alianças estratégicas por um objetivo comercial comum por tempo determinado.

“Não se vai entregar nossos conhecimentos, nem vamos perder nossa capacidade dentro da Embraer”, disse o comandante ao participar, esta manhã, de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Classificando a presença da Embraer no mercado global de aeronaves como um “Davi concorrendo contra Golias”, o comandante da Aeronáutica afirmou que as conversações entre os representantes das duas empresas ainda não resultaram em “nada de concreto”.

“No Ministério da Defesa, nossa grande preocupação – e que, eu diria, o Brasil como um todo deveria ter – é a preservação de nossa capacidade tecnológica e da nossa soberania nesta área”, disse o brigadeiro, assegurando que o grupo de trabalho criado pelo governo federal para acompanhar o desenrolar das negociações está considerando principalmente a questão da soberania e de acesso ao conhecimento tecnológico.

Golden share

O governo brasileiro detém poder de vetar a associação da Embraer com qualquer outra empresa por ter a chamada ´golden share´- a ´ação de ouro´, mantida pela União após a privatização de uma empresa estatal. Fundada em 1969, em São José dos Campos (SP), a Embraer foi privatizada em 1994.

“É justo que a empresa analise as possibilidades, sem a perda de conhecimentos. Os acordos que podem vir a ser feitos vão levar em conta as vantagens que o país poderá ter na parte econômica, tecnológica, de geração de empregos”, disse Rossato, reforçando que os representantes da Embraer já asseguraram que toda a área da empresa dedicada ao setor militar ficará de fora de um eventual acordo, sendo destinada a uma empresa separada integralmente controlada pela Embraer.

Nota DefesaNet

Veja a íntegra da Audiência na CREDN da Câmara Federal na matéria:

CREDN – Ministro Defesa e Comandantes alertam para orçamento de 2019 Link

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