Acordo entre Embraer e Boeing pode sair neste ano, diz ministro

Vinícius Lisboa

O ministro interino da Defesa, Joaquim Silva e Luna, disse hoje (8) estar otimista com as negociações para uma possível associação entre as empresas Embraer e Boeing e estimou que um acordo pode sair ainda neste ano. O ministro afirmou que as empresas buscam um "caminho de ganha-ganha" e que as conversas estão avançadas.

"[A negociação] está em fase avançada. É coisa para este ano", disse o ministro, no Rio de Janeiro, durante a solenidade de entrega da Medalha da Vitória, que faz parte das comemorações pelo triunfo das nações aliadas contra o nazismo, na Segunda Guerra Mundial.

Silva e Luna garantiu que não houve recuo nas tratativas, que tiveram início no ano passado. Ele ressaltou a necessidade de se preservar o braço estratégico da fabricante nacional, que tem acordos com as Forças Armadas.

No final do ano passado, a empresa aérea Boeing manifestou intenção de adquirir a Embraer, fabricante brasileira de aviões. À época, o presidente Michel Temer afastou a possibilidade de venda da empresa por uma questão de soberania nacional. “Toda parceria é bem-vinda. O que não está em cogitação é a transferência do controle”, disse.

Segurança

O ministro também avaliou a situação da segurança pública no Rio de Janeiro durante a intervenção federal. Segundo ele, já era esperada uma reação do crime organizado às ações de fiscalização nas fronteiras.

"Isso [a fiscalização nas fronteiras] não é muito visível porque não está acontecendo no Rio, mas sufoca o crime. Por isso, talvez, esse aumento momentâneo de enfrentamentos, assalto a caixa de bancos, enfrentamento entre quadrilhas ocorram porque está secando um pouco a sua fonte".

MPT notifica Embraer sobre manutenção dos empregos em acordo de fusão com Boeing¹

As fabricantes de aeronaves Boeing e Embraer, que negociam uma fusão desde dezembro do ano passado, foram notificadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) para que incluam questões trabalhistas no acordo comercial. O órgão manifesta preocupação quanto à manutenção do patamar de empregos no Brasil, caso a parceria seja fechada. A preocupação com a possibilidade de demissões já havia sido manifestada pelo Sindicato dos Metalúrgicos. (leia abaixo)

A recomendação da promotoria é para que as empresas prestem informações aos sindicatos que representam os empregados e tenham transparência sobre os possíveis impactos do acordo para os níveis de emprego no Brasil.

A companhia tem mais de 10 mil empregados em São José dos Campos e é uma das maiores empregadoras do município. A empresa tem cerca de 18 mil funcionários no país, segundo o sindicato.

Um prazo de 15 dias, a partir da notificação, foi dado ás empresas para informarem sobre o atendimento da recomendação e prestação de informações adicionais que avaliarem pertinentes ao assunto. O MPT disse que deu início à atuação durante a negociação no último mês.

A norte americana Boeing concentra as atividades nos EUA, com plantas industriais no país. A companhia é uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo.

O sindicato em São José avalia que a possível fusão entre as empresas é uma ameaça aos empregos no país. "O principal projeto da Embraer hoje é a família do avião regional E2 e, daqui 10 anos, 8 anos, ele não vai mais ser o que é hoje, então novos projetos virão. Especialistas aqui e lá fora acham que quando fechar o ciclo dele, a Boeing jamais vai trazer um novo projeto para cá e isso vai impactar os empregos", disse o diretor Herbert Claros.

O MPT encerra o documento, assinado por um grupo de promotores, sinzalizando que caso as recomendações não sejam adotadas, as empresas podem ser submetidas à medidas administrativas e judiciais – não foram informadas quais.

Outro lado

A Boeing informou, por email, apenas que recebeu a notificação e está analisando o assunto. A Embraer também foi procurada e a reportagem aguardava retorno.

¹com G1 Vale Do Paraíba E Região

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