Aumento de tropas na Amazônia não é prioridade do Governo Federal

A Crítica – AM
Leandro Prazeres

Três anos depois de criada, a Estratégia Nacional de Defesa (END) caminha em marcha lenta. A implantação do plano que prevê o aumento de tropas militares na região Amazônica esbarrou em duas crises econômicas e em cortes bilionários de orçamento.

Militares do alto comando das Forças Armadas temem que, caso os investimentos em Defesa continue neste ritmo, a END seja esvaziada. Cada força apresentou um plano de reaparelhamento e remanejamento de tropas para atender as diretrizes do plano, mas a demora na execução de algumas metas tem deixado alguns oficiais de alta patente preocupados. “Planos nós temos, mas a exeqüibilidade vai depender dos recursos.

Toda vez que tem um corte de orçamento, esses planos vão sendo retardados”, diz o general Luiz Carlos Matos, Comandante Militar da Amazônia (CMA). Matos, aliás, deixa o posto no final deste mês para assumir uma vaga no Superior Tribunal Militar (STM). Na Marinha, o capitão-de-Mar-e-Guerra Joaquim Henrique Rocha, segundo na linha de comando do 9º. Distrito Naval, diz que o número de navios de patrulha na região é insuficiente. “Seriam necessários pelo menos quinze navios patrulhando os rios da Amazônia Ocidental (Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima). Hoje, temos apenas cinco. E a maioria são navios da década de 70”, afirma.

De acordo com o comando da Marinha, a construção dos dez navios patrulha só vai começar a partir do ano que vem e o primeiro só deve chegar em 2015, isso, se os recursos previstos foram disponibilizados pelo Governo Federal. No Exército, o ritmo também segue lento. O plano enviado pelos militares previa a construção de 28 pelotões especiais de fronteiras, cada um com 60 homens, em média.

Desse total, apenas dois, um em Tunuí, no Amazonas, e outro em Tiriós, no Pará, saíram do papel. A definição sobre localização e o cronograma de obras dos outros 26 só devem ficar prontos em 2012. A “boa notícia” foi a transferência de uma Brigada de Infantaria que estava em Niterói (RJ) para São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), que está em fase final.

A Força que mais obteve avanços foi a Aeronáutica. Um esquadrão com 13 caças supersônicos F5 foi deslocado de Natal para Manaus. Alguns dos antigos caças Tucanos foram trocados pelo modelo novo, o Super Tucano, e um esquadrão de helicópteros foi deslocado de Natal para Porto Velho (RO). Mesmo assim, os cortes nos orçamentos de 2009 e 2011 já adiaram, duas vezes, a finalização do polêmico projeto FX2, que prevê a compra de novos caças para reequipar a Força Aérea Brasileira (FAB).

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