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A força do Twitter

 

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O Editor

Bruno Ferrari

A última semana de julho foi de empolgação para os executivos do Twitter, a rede social que permite trocas de mensagens de até 140 caracteres. Na terça-feira, a companhia divulgou o resultado financeiro do segundo trimestre, seu segundo como empresa de capital aberto (o Twitter estreou na Bolsa de Valores de Nova York em novembro de 2013).

Impulsionada pelo intenso uso durante a Copa do Mundo no Brasil, a receita chegou aos US$ 312 milhões, mais que o dobro em relação ao mesmo período no ano anterior. O número de perfis que usam a rede regularmente subiu para 271 milhões e bateu as expectativas de analistas de mercado. Na tarde da quarta-feira, enquanto as ações do Twitter disparavam em quase 30%, Dick Costolo, presidente da companhia, caminhava por entre as mesas do refeitório principal sem conseguir tirar o sorriso do rosto.

Costolo cruzou comigo algumas vezes, ao longo dos dois dias em que visitei a sede do Twitter em San Francisco. Seja com o passo apertado para chegar à próxima reunião, seja carregando a roupa e os tênis esportivos para a religiosa sessão de crossfit, Costolo sempre dava um jeito de fazer algum comentário descontraído.

No último encontro, em sua sala, Costolo deu uma longa entrevista exclusiva, fez um balanço de seus quatro anos à frente da empresa e disse o que planeja para o futuro. "Até agora, conseguimos estabilizar a tecnologia e criar algumas boas formas de gerar receita com anúncios", diz. "Mas sinto que o produto ainda está na infância." .

O Twitter ainda não é uma empresa lucrativa. Mas vive seu melhor momento desde que foi fundada pelos americanos Biz Stone, Evan Williams, Jack Dor-sey e Noah Glass, em 2006. Os primeiros anos foram turbulentos, com sucessivas trocas no comando e desentendimento entre os fundadores. Os problemas de gestão mal permitiam que o site se mantivesse no ar.

Qualquer evento de magnitude considerável terminava com a inesquecível "fail whale", a imagem de uma baleia que aparecia toda vez que o Twitter saía do ar. Mesmo com todos os contratempos, o Twitter rejeitou propostas bilionárias de compra de empresas como Google, Facebook ou Microsoft. Só com a chegada de Costolo, em 2010, começou a entrar nos eixos. "Passei o primeiro trimestre como presidente trabalhando exclusivamente para tornar a tecnologia confiável", diz.

A abertura de capital no fim de 2013 trouxe uma injeção de US$ 1,8 bilhão ao caixa da empresa. O dinheiro é usado hoje para garantir que a tecnologia aguente a extraordinária expansão de popularidade nos últimos anos. Não foi apenas o número de usuários que aumentou.

O número de tuítes publicados diariamente, uma forma de medir a intensidade de uso da rede social, saltou de 2 milhões em 2009 para 500 milhões no início deste ano. O serviço de troca de mensagens curtas, já criticado por ser superficial e limitado com seus 140 caracteres, ganhou nos últimos anos funções como localização, publicação de fotos e de vídeos curtos em tempo real (um subproduto, chamado Vine, permite gravar vídeos de até seis segundos).

"Como serviço, o Twitter melhorou muito nos últimos anos. Atraiu mais usuários que se mostram cada vez mais engajados", diz Anthony Diclemente, analista do banco de investimentos Nomura Seurities. "É para esse tipo de dado concreto que o mercado olha quando avalia positivamente a empresa."

A guinada do Twitter para a relevância teve início com uma mudança de estratégia aparentemente pequena. No fim da década passada, deixou de perguntar na página inicial "O que você está fazendo?" e passou a incentivar o usuário a escrever "O que está acontecendo".

A inspiração veio de ocasiões como um pequeno terremoto que atingiu San Francisco. Quem sentia os tremores publicava em sua conta no Twitter. A rede social atraiu a atenção da imprensa, que começou a usar o Twitter como importante fonte de pautas.

Depois vieram políticos, artistas, empreendedores, esportistas e intelectuais. Eles passaram a interagir com uma massa de pessoas atrás de informações em tempo real. O Twitter tornou-se um eletrocardiograma do mundo — uma rede que pulsa quase no mesmo ritmo em que os fatos ocorrem.

Nas páginas seguintes, mostraremos como uma rede social que nasceu menosprezada como epítome da superficialidade soube renascer. Ela muda a forma de políticos conversarem com eleitores, de o público assistir à televisão, de marcas se relacionarem com consumidores.

O caráter imediatista transformou o Twitter num organismo vivo e autorregulável. Quando uma informação está errada ou vem de uma fonte sem credibilidade, a própria comunidade a corrige em questão de minutos. "O Twitter aparece para consolidar um novo sistema de troca de informações entre indivíduos", diz a economista Marina Miranda, que estuda o comportamento de grupos na internet. "Ele é totalmente baseado na colaboração, uma tendência que vem se consolidando no mundo digital." Mesmo com o sucesso dos últimos anos, o Twitter tem muitos desafios pela frente.

A comparação inevitável é com o Facebook, rede social com o quádruplo de usuários, 1,3 bilhão. Criado por Mark Zuckerberg na Universidade Harvard apenas dois anos antes, o Facebook atrai mais gente e gera mais receita por usuário. Jornalistas, analistas e formadores de opinião em geral tendem a enaltecer o Twitter, por ser usuários vorazes da ferramenta e porque ela é mais transparente que o Facebook.

Quem publica uma mensagem no Twitter sabe que ela chegará ao interlocutor. Quem publica no Facebook depende da boa vontade de um programa misterioso que tem a pretensão de saber que tipo de dado é mais importante para o leitor. Boa parte do público não se importa, por querer usar as redes sociais para encontrar amigos, publicar fotos e participar de jogos on-line.

Na comparação com o colorido Facebook, o Twitter se mostra limitado e árido. Costolo reorganizou a empresa e prevê faturar US$ 1,3 bilhão em 2014. Agora, diz que deixará o time de vendas caminhar sozinho e se dedicará mais a melhorar o produto. O caminho inclui metas aparentemente contraditórias – continuar simples, mas tornar-se atraente a ponto de seduzir usuários do Facebook. Espera-se que sua estratégia de negócios não tire, do usuário, uma ferramenta de comunicação eficaz e transparente.

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