LAVA-JATO Cibernético – Contra-ataque?

 Vivo suspendeu grampos de Lula no dia
que a PF o levou para depor

 

Por Ricardo Brandt, Julia Affonso
e Mateus Coutinho

Operadora foi advertida pelo juiz da Lava Jato para que retomasse as escutas em seis terminais, inclusive o que era usado pelo ex-presidente

Lula prestou depoimento na sexta-feira, 4. Foto: Marcio Fernandes/Estadao

Lula prestou depoimento na sexta-feira, 4. Foto: Marcio Fernandes/Estadao

A operadora de telefonia Vivo suspendeu ‘inexplicavelmente’ a interceptação de pelo menos seis terminais alvos da Operação Aletheia, inclusive o número usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A interrupção ocorreu por volta de 22 horas do dia 3 de março. Às 6 horas de 4 de março, a Polícia Federal chegou à casa de Lula, em São Bernardo do Campo, e o conduziu coercitivamente para depor em uma sala do Aeroporto de Congonhas.

Informado pela PF sobre a suspensão ‘absolutamente inexplicável’ do grampo, na manhã de 4 de março, o juiz Sérgio Moro determinou que a operadora reinstalasse as escutas sob pena de multa pessoal de R$ 100 mil para ‘o responsável pela operadora’ e até prisão por obstrução à Justiça.

Nota- Links para os Documentos Originais em PDF. Abaixo nos box a transcrição dos documentos.

Documento

Documento

A interrupção dos grampos foi descoberta pelo agente da PF William Coser Stoffels. “Tendo em vista o planejamento da deflagração da vigésima quarta fase da Operação Lava Jato para as seis horas da manhã desta sexta-feira, 4 de março de 2016, este subscritor acompanhava os alvos através de monitoramento telefônico para tentar identificar qualquer movimentação fora do normal”, informou o agente ao delegado Marcio Anselmo, da força-tarefa da Lava Jato.

Os números da Vivo interceptados eram ligados à LILS Palestras e Eventos, do ex-presidente Lula, ao presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, à diretora da entidade, Clara Ant, ao próprio Instituto Lula, ao advogado Roberto Teixeira, compadre e defensor do petista, e ao investigado Paulo André.

William Coser Stoffels afirmou. “Poucos minutos antes do horário da deflagração (da Operação Aletheia), foi possível identificar através do extrato em tempo real dos alvos disponibilizados pela operadora no sistema Vigia que os alvos estavam realizando chamadas, mas que os respectivos áudios não estavam sendo encaminhados para o sistema Guardião. A operadora foi imediatamente contatada, mas não identificou nenhum problema técnico, bem como o administrador do sistema Guardião local”.

A Polícia Federal comunicou ao juiz federal Sérgio Moro às 10h28 do dia 4, quando Lula já estava depondo em Congonhas. A casa do petista, o sítio em Atibaia, o tríplex do Guarujá e outros endereços ligados a ele, como o Instituto Lula, foram alvos de buscas.

“Exmo Sr. Dr. Sergio Fernando Moro Informo a V. Excia. que a operadora Vivo, de maneira absolutamente inexplicável, suspendeu o desvio de todos os áudios interceptados para o sistema guardião, a partir das 22 horas da data de ontem”, informou o delegado Márcio Anselmo. “Vale destacar que, em contatos com outros Estados da Federação, a situação nos outros locais encontra-se na absoluta normalidade. Todos os contatos com o atendimento da Vivo deste as 5 horas da manhã tem sido infrutíferos e não retornaram qualquer resposta técnica.”

Segundo o delegado, nos dias 3 e 4 existem “centenas de ligações” efetuadas pelos investigados “sem que a operadora procedesse aos desvios”. O delegado informa que o sistema Guardião, que faz os monitoramentos da PF, não estava com qualquer problema. “Inclusive áudios de outras operadores estão sendo interceptados normalmente.”

A PF pediu a Moro que determinasse “a solução imediata à Operadora Vivo, com fixação de multa de R$ 50 mil por minuto de descumprimento”. “Destacando ainda a possibilidade de prisão de todos os envolvidos, pelo descumprimento da ordem e que tal fato será investigado.”

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
13ª Vara Federal de Curitiba
Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar Bairro: Ahu CEP: 80540400 Fone:(41)32101681- www.jfpr.jus.br
Email:prctb13dir@jfpr.jus.br

 
PEDIDO DE QUEBRA DE SIGILO DE DADOS E/OU TELEFÔNIC Nº 500620598.2016.4.04.7000/PR
 
REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
ACUSADO: L.I.L.S. PALESTRAS, EVENTOS E PUBLICACOES LTDA.
ACUSADO: INSTITUTO LUIZ INACIO LULA DA SILVA
ACUSADO: ELCIO PEREIRA VIEIRA
ACUSADO: CLARA LEVIN ANT
ACUSADO: PAULO TARCISO OKAMOTTO
 

DESPACHO/DECISÃO

 
Este Juízo autorizou, a pedido da autoridade policial e do MPF, a interceptação telefônica dos seguintes terminais telefônicos:

(11) 972858525,
(11)963843690,
(11) 999317218,
(11) 998010718,
(11) 998283553, e,
(11) 981447777.
 
Posteriormente, autorizou a prorrogação da interceptação.
 

Após a implementação e antes do fim do prazo, a VIVO, conforme informações da autoridade policial, interrompeu a interceptação sem justificativa.
 
Fica ordenado ao responsável pela VIVO que restabeleça de imediato a interceptação sob pena de multa pessoal de cem mil reais. e prisão por obstrução à Justiça.
 
Expeça-se ofício com esta determinação. Encarrego a autoridade policial de entrega-lo.
 
Curitiba, 04 de março de 2016.
Documento eletrônico assinado por SÉRGIO FERNANDO MORO, Juiz Federal


 

Processo n. 5006205-98.2016.404.7000
 
Exmo Sr. Dr. Sergio Fernando Moro
 
Informo a V. Excia. que a operadora VIVO, de maneira absolutamente inexplicável, suspendeu o desvio de TODOS os audios INTERCEPTADOS para o sistema guardião, a partir das 22 horas da data de ontem. Vale destacar que, em contatos com outros Estados da Federação, a situação nos outros locais encontra-se na absoluta normalidade.
 
Todos os contatos com o atendimento da Vivo deste as 5 horas da manhã tem sido infrutíferos e não retornaram qualquer resposta técnica.
 
Outrossim, a informação anexa evidencia as centenas de ligações efetuadas pelos investigados na data de ontem e hoje, sem que a operadora procedesse aos desvios.
 
Destaco, por fim, que de acordo com a área técnica do DPF, responsável pelo sistema guardião, não há qualquer problema, inclusive áudios de outras operadores estão sendo interceptados normalmente.
 
Assim, represento a V. Excia. para que determine a solução imediata à Operadora Vivo, com fixação de multa de R$ 50.000,00 por minuto de descumprimento, destacando ainda a possibilidade de PRISÃO de todos os envolvidos, pelo descumprimento da ordem e que tal fato será investigado.
 
Respeitosamente,
MARCIO ADRIANO ANSELMO
Delegado de Polícia Federal

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL NO PARANÁ
DELEGACIA REGIONAL DE COMBATE AO CRIME ORGANIZADO
NÚCLEO DE ANÁLISE  – GT/LAVAJATO/DRCOR/SR/DPF/PR

INFORMAÇÃO Nº 044/2016 – GT/LAVAJATO /DRCOR/SR/DPF/PR

Ao: DPF  MÁRCIO ADRIANO ANSELMO
Do: APF WILLIAM COSER STOFFELS

Ref : 5006205 – 98.2016.4.04.7000/PR

Senhor Delegado,

Esta   INFORMAÇÃO   DE   POLICIA   JUDICIARIA   tem por objetivo encaminhar a Vossa Senhoria informações a respeito da interrupção do recebimento do áudio do monitoramento dos terminais da companhia telefônica VIVO.

Tendo em vista o planejamento da deflagração da vigésima quarta fase da Operação Lava Jato para as seis horas da manhã desta sexta – feira, 04/03/2016, este   subscritor acompanhava os alvos através de monitoramento telefônico para tentar identificar qualquer movimentação fora do normal.

 
Poucos minutos antes do horário da deflagração, foi possível identificar através do extrato em tempo real dos alvos disponibilizados pela operadora no sistema  Vigia que os alvos estavam realizando chamadas, mas que os respectivos áudios não estavam sendo encaminhados para o sistema Guardião.
 
A operadora foi imediatamente contatada, mas não identificou nenhum problema técnico, bem como o administrador do sistema Guardião local.
 
Em anexo encaminho extratos parciais de dois dos números monitorados com todas as chamadas realizadas a partir da madrugada de hoje.
 
É  a informação .
 
Curitiba, 04 de Março de 2016
.
WILLIAM COSER STOFFELS
Agente de Polícia Federal
Matrícula 18.507 – 2ª Classe


 

 

COM A PALAVRA, A VIVO

A Telefônica Vivo informa que, devido a uma falha técnica, parte dos clientes dos serviços de voz fixa e móvel da empresa em Curitiba teve dificuldades para receber ligações interurbanas, em períodos dos dias 03 e 04 passados. O problema atingiu também a recepção do áudio de linhas interceptadas pela operadora com base em pedido judicial. Assim que o problema foi sanado, as interceptações foram retomadas normalmente.

A companhia reitera que cumpre rigorosamente os pedidos judiciais relacionados aos seus serviços e continua, como sempre esteve, à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos.

Telefônica Vivo

Assessoria de Imprensa

Nota DefesaNet

Como informação mencionamos que a empresa VIVO tem capital da empresa Andrade Gutierrrez, que está sendo investigada na Operaão Lava-Jato..

Ver a matéria interressante que pode estar relacionada:

ABIN desmente de que estaria monitorando juiz Moro OESP Link

O Editor

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