Petrobras fará novo corte de investimento


Graziella Valenti


O investimento da Petrobras neste ano deve sofrer novo corte e ficar abaixo dos US$ 28 bilhões previstos no planejamento aprovado pelo conselho de administração em junho. Conforme o Valor apurou, a administração vem fazendo estudos e os números devem ser levados ao colegiado na próxima reunião, marcada para dia 30. Estima-se um ajuste da ordem de 20%, ou seja, próximo de US$ 6 bilhões.

No conselho, será tratado um ajuste de curto prazo no Plano de Negócios e Gestão 20152019. O foco principal do corte será este ano e o próximo, em função da continuidade da volatilidade na taxa de câmbio e no preço do petróleo além da redução na atividade econômica interna.

Nos primeiros seis meses do ano, US$ 12,2 bilhões já foram investidos mais de 40% do total planejado para 2015 inteiro.

O valor de US$ 28 bilhões estimado para este ano já representava um corte da ordem de 40% sobre o planejamento anterior. Para o intervalo 20142018, o plano de negócios ainda era agressivo e alcançava US$ 207 bilhões.

A contenção combina com o clima de austeridade do momento e com as demais medidas que a administração vem conduzindo.

Caso aprovado esse novo corte pelo conselho, o investimento da Petrobras em 2015 não apenas será o menor em cinco anos como poderá ficar próximo da metade da média dos quatro anos anteriores US$ 43 bilhões.

O ajuste é necessário porque o cenário não corresponde ao que a companhia contemplava para a segunda metade deste ano, com desvalorização relevante do real e do petróleo. A visão era mais otimista que o quadro presente.

O Plano de Negócios e Gestão 20152019 foi aprovado no fim de junho, com previsão de investimentos de US$ 130 bilhões e produção total (Brasil e internacional) de 3,7 milhões de barris em 2020.

As premissas para esse número consideram que o valor médio do barril de petróleo neste ano ficaria em US$ 60 e o câmbio, em R$ 3,10. A partir de 2016, até 2019, a estimativa embute um valor de US$ 70 por barril de petróleo. O dólar médio ficaria em R$ 3,26 no próximo ano e em R$ 3,29 a partir de 2017.

O cenário de junho até agora, porém, está bastante diverso. A cotação média do tipo Brent (negociado em Londres) acumulada no trimestre está pouco acima de US$ 52 e o dólar, em média, perto de R$ 3,50. No fechamento de ontem, o petróleo ficou inferior a US$ 50? o dólar em quase R$ 4,00.

O objetivo é manter o investimento adequado à geração de caixa da companhia. E, para cumprir essa diretriz, a administração está disposta, inclusive, a reduzir as metas de produção, conforme uma fonte ouvida pelo Valor.
O objetivo do esforço é a saúde financeira da estatal, que fechou junho com dívida total de US$ 134 bilhões, para uma posição de caixa de US$ 30 bilhões. A dívida líquida da estatal ultrapassa metade do patrimônio líquido e supera em mais de 4 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

Na semana passada, o mercado chegou a comemorar a produção de agosto. Mas a meta para 2020 continua sendo vista pelos analistas do setor como excessivamente otimista. Pavel Molchanov, analista da Raymond James, afirmou que o alvo parecia duvidoso, "especialmente tendo em vista o tamanho dos cortes de gastos".

Para a produção nacional, a Petrobras reduziu a meta de crescimento da produção em 2020 de 4,2 milhões de barris por dia para 2,8 milhões de barris diários, no plano anunciado em junho. Esse total exige uma aceleração do avanço anual para cerca de 5,5% nos próximos anos. Para enfrentar o quadro de pressão, a companhia também está implantando medidas para reduzir custos e despesas e possui um plano de desinvestimentos de até US$ 57 bilhões até o fim de 2018. Dessa forma, tem três frentes de atuação: aumentar as margens, reduzir investimentos e ampliar o caixa. O plano era conseguir US$ 15 bilhões até 2016.

O adiamento da abertura de capital da BR Distribuidora, que ocorreria ainda este ano, coloca pressão sobre essa estimativa. Diante das avaliações do mercado, a estatal voltou a dar prioridade à busca de um sócio minoritário. A venda em bolsa poderia ter agregado, estimava-se, US$ 3 bilhões ao caixa da companhia.

Com isso, o processo de venda mais avançado é o da Gaspetro.

Nota DefesaNet

Aos poucos o governo implementa um choque de realidade após os desmandos de mais de uma década na maior empresa brasileira.

No primeiro momento devem ser vendidas as empresas do Grupo Petrobras, como a GASPETRO e a BR Distribuidora.

Ao mesmo tempo, ainda mais atropelada pela subida do Dólar, o Plano de Investimentos começa encolher de forma decisiva.

No terceiro momento a própria existência da PETROBRAS poderá ser colocada a prova, tanto pela crescente crise econômiuca, como em uma tentativa de manterem-se no poder os atuais grupos governantes.

Lembrando que a atual crise não assume efeitos catastróficos especialmente, ao contrário de 1979 -1982, por o Brasil ser quase sem 100% auto-suficiente no abastecimento de petróleo.

O Editor

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