Forças Armadas na ordem do dia

A sistemática redução das verbas das Forças Armadas pode levar ao caos todo o sistema de defesa do país. Assim, o governo deve reavaliar o contingenciamento de 40% dos recursos destinados ao Exército, Marinha e Aeronáutica, nos esforços do controle das contas públicas.

Nos últimos cinco anos, o orçamento das três armas sofreu queda de 44,5%, com os recursos discricionários caindo de R$ 17,5 bilhões para R$ 9,7 bilhões, o que vem afetando a mobilidade operacional da área de defesa.

A falta de recursos provocou reflexos negativos em operações essenciais, como o controle de milhares de quilômetros de fronteira, totalmente permeáveis à ação de traficantes de armas e de drogas, flagelo das grandes e médias cidades brasileiras. Houve a diminuição das operações dos pelotões do Exército na Amazônia e da fiscalização da Marinha nos rios na região e nos mais de 8 mil quilômetros da costa.

E o contrabando, que tantos malefícios traz à economia nacional, também se beneficiou com a queda da vigilância. Outra atividade de vital importância para a segurança pública, a monitoração do uso de explosivos, foi afetada com a redução da atividade da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército, que vem tendo dificuldade em combater os desvios de explosivos, justamente quando os ataques a caixas eletrônicos e a agências bancárias experimentam avanço exponencial em todo o país.

Dia sim, dia não, tem-se notícia da ação de bandidos aterrorizando populações de cidades Brasil afora, em muitos casos com perda de vidas. Poderá ser afetado, ainda, o deslocamento de tropas para ajudar a polícia, como ocorre atualmente no Rio de Janeiro.

Para poder desempenhar as funções de vigilância na Amazônia e no mar, a Marinha necessita de pelo menos R$ 800 milhões a mais, por ano, para manter uma esquadra de navios considerados obsoletos para as funções. Já a Aeronáutica, que levou mais de uma década para conseguir assinar o contrato para a renovação da esquadrilha de caças, com a compra do sueco Grippen, centralizou as atividades em duas bases (Anápolis e Natal) devido às dificuldades financeiras.

E corre o risco de ver prejudicadas as operações de interceptação de aeronaves suspeitas. A sociedade não pode se furtar ao debate da importância estratégica das Forças Armadas. É sabido que não existe uma cultura de defesa no Brasil, como na Europa e nos Estados Unidos, que travaram guerras durante séculos.

Além disso, há o preconceito resultante dos 20 anos de regime militar, o que provoca o desinteresse do cidadão pela área da defesa. Mas, mesmo em tempos de paz, uma nação não pode ignorar a segurança externa. Vale lembrar as palavras do Barão do Rio Branco: “Nenhum Estado pode ser pacífico sem ser forte”.

O certo é que não se pode negligenciar com a qualidade das Forças Armadas para que não seja colocada em risco a soberania nacional.

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