Por Rich Smith – Texto do Motley Fool
Tradução e edição: Nicholle Murmel
Diversos meios de comunicação confirmam que a China já iniciou a construção do segundo navio-aeródromo, um irmão para o Liaoning (PLAN CV – 16), que provavelmente atenderá pelo nome de CV-17.
Além disso, o major-general do Exército de Libertação Popular (PLA), Luo Yuan, já declarou publicamente que a Marinha do PLA precisa de pelo menos três porta-aviões só para manter a paridade com as nações vizinhas. Conforme o raciocínio do general, “a Índia terá três NAes até 2014, o Japão também. Então, nosso número também não deve ser menor que esse”. Sendo assim, não seria uma surpresa tão grande saber que a corrida chinesa para ter uma Marinha de águas azuis esteja acelerando rumo ao terceiro porta-aviões.
Porém, uma coisa pode surpreender você: esse terceiro navio provavelmente será nuclear – um monstro de 100 mil toneladas, igual em tamanho e capacidade às classes Nimitz e Ford construídas pelos estaleiros americanos da Huntington Ingalls para a US Navy. E o que isso significa para as Forças Armadas americanas, para a Huntington Ingalls e para investidores dessa e de outras empresas do setor de defesa?
Atualmente, 12 países no mundo têm navios-aeródromos, esse número depende do que você e cada nação entende como “navio-aeródromo”. Por exemplo, os contratorpedeiros japoneses da classe Hyuga só operam com helicópteros, mas a China os considera NAes ainda assim. Mas até o momento, os únicos porta-aviões nucleares do mundo são os construídos pela Huntington Ingalls e os franceses da DCNS. Como a US Navy tem a maior frota nuclear, acaba possuindo uma grande vantagem em relação aos rivais em termos de endurance, variedade de operações, velocidade e geração de energia a bordo. Mas a China está alcançando os EUA, e rápido.
As informações que na área de inteligência dão conta de que o futuro porta-aviões chinês teria três elevadores para aeronaves, capacidade para transportar 75 aviões ou mais, e catapultas elétricas para lançá-los. Essa nova embarcação teria o número de casco CVN-18 – indicando que seria o terceiro depois do Liaoning, e com o “N” na identificação atestando que será de propulsão nuclear.
No momento, esse navio só existe como maquete, mas segundo Richard Fisher, membro sênior do International Assessment and Strategy Center, a China pode iniciar os trabalhos do terceiro NAe “muito em breve” nas instalaões do estaleiro Jiangnan-Changxin, em Xangai .
Dinheiro não compra felicidade, mas compra muitos porta-aviões
Enquanto alguns podem argumentar que a China não pode arcar com os custos de construir super porta-aviões nucleares, os fatos apontam o contrário. Segundo dados do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), da Suécia, Pequim ostenta um orçamento militar de 188 Bilhões de dólares – o segundo maior do mundo, atrás apenas dos EUA.
Também vale considerar que o deslocamento no equilíbrio de poder marítimo, com a diminuição da influência estadunidense e aumento da ingerência chinesa, vem sendo dramático. Há apenas dois anos, Pequim não tinha nenhum navio-aeródromo operacional, agora o país tem um e meio, e o terceiro a caminho. Recentemente, a revista Time avaliou os gastos militares da China em mais de 200 Biilhões de dólares. Então, mesmo que o coronel Li Jie do Institute of Naval Military Academy lamente o custo alto, “na casa dos cinco bilhões de dólares”, para construir um porta-aviões nuclear, esse é um luxo que certamente o Exercito de Libertação Popular pode bancar.
O que isso significa para os investidores
No melhor dos casos, o Congresso americano planeja autorizar a construção de novos NAes a um ritmo de um a cada cinco anos. Mas atualmente a US Navy opera apenas dez navios dos 11 autorizados pelo Congresso, e o secretário de Defesa, Chuck Hegel declarou publicamente os planos de reduzir essa frota obrigatória para oito ou nove.
Enquanto isso, a construção de porta-aviões na China cresce aos saltos, partindo de zero para três unidades operacionais, já em processo de montagem ou sendo projetadas – isso num período de dois anos. O abismo está fechando a uma velocidade vertiginosa.
No entanto, talvez esse panorama não seja só negativo. Afinal, recentemente o presidente chinês, Xi Jiping, declarou que é hora de “quebrar o padrão antigo de conflito e oposição entre superpotências, e melhorar a cooperação entre China e Estados Unidos”. Se Pequim pretende usar seus NAes para promover o livre comércio no Mar do Sul da China e prestar ajuda humanitária a vizinhos assolados por terremotos, ondas gigantes e tornados – como a US Navy já fez muitas vezes – então tudo bem.
Mas se as intenções chinesas são outras, ou se o Congresso teme que sejam, e acredita ser mais prudente manter a superioridade naval em termos de porta-aviões – então os EUA simplesmente precisam construir mais unidades, e depressa. Para a Huntington Ingalls, última construtora de navios-aeródromos americana, isso só pode significar coisas boas. Quanto mais porta-aviões a China construir e quanto maiores eles forem, mais difícil será para os apoiadores da austeridade orçamentária no Congresso frearem os gastos para reforçar a frota dos Estados Unidos.
Nota DefesaNet
Parque Histórico Nacional Marechal Osório, Festa da Cavalaria de 2009. O então ministro da Defesa atende o editor de DefesaNet. Sabendo que o presidente Luiz Inácio iria à China há o gancho natural: O Ministro acompanhará o Presidente à China?
A resposta a esta e outra pergunta é surpreendente:
“ DefesaNet – Há uma série de aproximações militares com a China. Como o Senhor vê essa aproximações com a China no âmbito do Ministério da Defesa?
Min Jobim – A aproximação com a China está mais voltada para a Marinha. Eles (os chineses) querem que a Marinha do Brasil seja o elemento de ligação para a criação da Marinha Chinesa. A China não tem uma marinha. Inclusive nós vamos trazer oficiais chineses para cá. Eles farão estágio. Lógico que terão de aprender português.
Eles farão estágio no porta-aviões São Paulo. Os chineses já estão adquirindo porta-aviões para projeção de poder na região, que é uma situação completamente diferente da nossa. Estou indo à China entre setembro ou outubro. ( Leia a íntegra em Ministro da Defesa Nelson Jobim fala à DefesaNet 13 Maio 2009 Link)
A entrevista correu o mundo e incluída no Relatório do Pentágono sobre o Poder Militar da China enviado ao Congresso Americano. (Ver matéria Relatório do Pentágono sobre o Poder Militar Chinêsno ano de 2010 usa informações do DefesaNet Link)
Com o NAe A12 São Paulo praticamente inativo desde o incêndio de 2005, qual seria a posição do Brasil, na atualidade, como um instrutor ou aluno?
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