Para a Casa Branca, visita estratégica

Fernando Eichenberg

WASHINGTON. Ao embarcar no avião Air Force One rumo ao Brasil, na sexta-feira, o presidente americano, Barack Obama, levará na bagagem uma forte ambição de ampliar os benefícios econômicos para os Estados Unidos. A Casa Branca considera a viagem presidencial de extrema importância para o esforço americano de recuperação econômica e de aumento de exportações, diante do papel crucial da América Latina – o Brasil em particular – para o crescimento dos EUA e a criação de empregos.

– Há cerca de 400 milhões de pessoas nas Américas Central e do Sul. Estão num crescimento de cerca de 6% ao ano. Nós exportamos em torno de US$160 bilhões para eles. E temos um superávit comercial na região. E isso mantém cerca de 900 mil empregos aqui no país – disse ontem o assessor adjunto para assuntos econômicos do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Froman.
No campo de prospecção de negócios, a área energética está no topo das prioridades.

– Só em relação ao petróleo, as recentes descobertas brasileiras de reservas (do pré-sal) correspondem ao dobro das reservas americanas, e temos um potencial natural de parceria estratégica com eles nessa área – enfatizou Froman.

O segundo foco de atenções americanas é o investimento necessário em infraestrutura para a organização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
Descontente com o alto déficit comercial de US$7,8 bilhões com os EUA, o Brasil almeja um maior equilíbrio na balança de comércio entre os dois países. O Palácio do Planalto não vê com bons olhos a determinação americana de tirar proveito do crescimento econômico brasileiro sem acenar com algo em troca ou com a eliminação de barreiras comerciais e restrições tarifárias e de cotas de importação.

Froman ressaltou o crescimento do Brasil de 7,5% em 2010, as reservas internacionais do país de US$300 bilhões e o aumento de sua classe média para cerca de metade da população, o que cria "uma grande oportunidade" para os EUA de vender seus produtos .

Nas palavras do conselheiro econômico da Casa Branca, o discurso americano não poderia ser mais transparente:
– As exportações para o Brasil duplicaram nos últimos cinco anos. Em 2010, cresceram 35%, o que é o dobro da média global e maior do que o aumento de nossas exportações para a Ásia.

Na comitiva, Obama levará os secretários do Tesouro, Timothy Geithner; do Comércio, Gary Locke (futuro embaixador na China); de Energia, Steven Chu; o representante para o Comércio Exterior (USTR), Ron Kirk; o presidente do Banco de Exportação e Importação dos EUA (Ex-Im Bank), Fred Hochberg; além da diretora da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês), Lisa Jackson.

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