GERR-MEC – Grupo Especial de Retomada e Resgate, do Grupamento de Mergulhadores de Combate

Nota DefesaNet

Matéria publicada originalmente em DefesaNet na data de 25 Abril 2010 referente à cobertura da Joint Warrior 101

O Editor

Grupamento de Mergulhadores de Combate
Conheça como trabalham as Forças Especiais da Armada
 

DefesaNet entrevista o Capitão-Tenente Gama
Encarregado do Destacamento de Mergulhadores de Combate da Marinha do Brasil
Operação Joint Warrior 101

Kaiser Konrad
Reportagem, fotos e vídeo
DefesaNet – Cobertura exclusiva da
Operação Joint Warrior 101 da OTAN

 
Os MECs no combate ao terrorismo. Sua utilização na retomada de plataformas de petróleo e navios mercantes e de passeio.

 


Segundo o Comando de Operações Navais (CON), o Grupo Especial de Retomada e Resgate, do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GERR-MEC) é um grupo com doutrina de ação consolidada, com domínio de diversas técnicas empregadas em ações de neutralização de elementos criminosos, militantes de organizações extremistas, ativistas ou indivíduos mentalmente perturbados, e para resgate de reféns.

O GERR-MEC deverá ser empregado para ações cujo esforço principal seja desenvolvido em meio aquoso (navio ou plataforma de petróleo) e será considerado como o último a ser empregado.

Este Grupo só deverá ser empregado quando:

• Uma ação violenta por parte dos agentes adversos parecer iminente, colocando em perigo os reféns, a força de segurança, ou a instalação;
• As negociações não tiverem obtido êxito, sendo evidente que não vão solucionar o problema; e/ou
• Quando o Comandante do Distrito Naval, onde ocorreu a crise, julgar que o momento seja oportuno, pela elevada probabilidade de êxito.

Diversos exercícios são realizados anualmente nos vários Distritos Navais, com simulação de Retomadas de Plataformas, Navios e Instalações, e resgate de reféns, possibilitando ao GERR-MEC um contínuo preparo para um eventual emprego real.

Como o advento do Pré-SAL, a auto-suficiência do petróleo e o crescimento das ações terroristas pelo mundo é de suma importância para a Marinha do Brasil, que possui, dentre outras tarefas, controlar as áreas marítimas sob sua jurisdição e negar o uso do mar ao inimigo, possuir um grupo altamente qualificado para realizar estas operações de retomada e resgate.

Composição básica do GERR-MEC

O GERR-MEC constitui-se num Grupo-Tarefa (GT), subordinado ao Comandante da Força-Tarefa Distrital (CFT) e dividido em seis Unidades-Tarefas (UT): UT de Comando e Controle; UT de Mergulho; UT de Assalto; UT de Embarcações; UT de Apoio de Fogo; e UT Reserva. Agregados ao GT de Negociação Distrital, estarão dois ou mais militares do GERR-MEC, que atualizarão, junto à UT de Comando e Controle do GERR, as informações obtidas e fatos novos, gerados com a negociação.

As principais tarefas atribuídas aos MECs:

a) Destruir, neutralizar ou sabotar navios ou embarcações, instalações portuárias, pontes, comportas e outras instalações de interesse em áreas de ambiente marítimo e ribeirinho;
b) Coletar informações de obras vivas de navios de interesse da Marinha;
c) Realizar reconhecimento/levantamento de praias, da isóbata de 07 metros até a linha de preamar;
d) Abrir e demarcar canais e demolir obstáculos existentes em praias, antes e após desembarques anfíbios, da isóbata de 07 metros até a linha de preamar;
e) Capturar ou resgatar pessoal ou material;
f) Conduzir reconhecimento, vigilância e outras tarefas de coleta de inteligência;
g) Infiltrar e retirar de território inimigo agentes e sabotadores; e
h) Interditar linhas de comunicação e suprimento inimigas em rios e canais.


Os equipamentos e armas

Pode-se dizer que o GERR-MEC esta equipado com o que há de mais atual em termos de acessórios de retomada e resgate, submetralhadoras, pistolas, silenciadores, miras holográficas, mira laser, visão termal, óculos de visão noturna, colete balístico, etc.

Os Destacamentos MEC

O Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC) é uma Organização Militar (OM) da MB, subordinada ao Comando da Força de Submarinos e localiza-se na Ilha de Mocanguê, Niterói, RJ, na sede da Esquadra brasileira. Em sua estrutura organizacional operativa o GRUMEC possui três divisões de operações especiais, responsáveis por todas as tarefas que não sejam relacionadas à retomada e resgate (reconhecimentos, levantamentos de praia, etc) e uma divisão de retomada e resgate (GERR-MEC), responsável por estas ações. Assim que chegam do curso de formação de Mergulhadores de Combate, os militares são agregados às divisões operativas e quando, após dois ou três anos de experiência, são inseridos no GERR-MEC que, por conta da natureza de suas ações, requer militares mais experientes.

Prontos para entrar em ação

O Brasil tem conseguido um importante destaque no cenário internacional por conta de diversos fatos marcantes como: a descoberta do pré-SAL, auto-suficiência do petróleo, o crescimento de sua economia, participações da Marinha em operações internacionais (OTAN), etc. Por conta da necessidade de proteção e preservação de suas riquezas, um maior investimento nas Forças Armadas é primordial para salvaguardar suas riquezas. Por causa de sua preparação e qualificação, o GRUMEC tem atualmente condições de atuar nas mais diversas áreas em que a Marinha do Brasil se faz presente. Seja no patrulhamento e reconhecimento dos inóspitos ambientes operacionais brasileiros, como os imensos rios amazônicos, os tortuosos rios do Pantanal Mato-Grossense, na Amazônia Azul – faixa oceânica do litoral brasileiro sob responsabilidade da MB, ou na contribuição para a manutenção da lei e da ordem no Haiti, ações de Interdição Marítima (MIO), ações de retomada e resgate de reféns ou instalações, os Mergulhadores de Combate da Marinha do Brasil estão sempre prontos para cumprir sua missão.

Capitão-Tenente TÁCITO AUGUSTO DA GAMA LEITE, CT GAMA, Encarregado do Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR-MEC), possui os seguintes cursos:

2003 – Curso de Aperfeiçoamento de Mergulhadores de Combate para Oficiais (CAMECO), Centro de Instrução e Adestramento Alte Átilla Monteiro Achè, MB.
2005 – Curso Básico Pára-Quedista, na Brigada de Infantaria Pára-Quedista Gen. Penha Brasil (EB);
2006 – Curso Expedito de Salto Livre, Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais, MB;
2007 – Curso de Operações na Selva (COS “B”), Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), EB;
2009 – Curso de Mestre de Salto, na Brigada de Infantaria Pára-Quedista Gen. Penha Brasil (EB);
Como se tornar um mergulhador de combate
OBJETIVO DOS CURSOS
Habilitar os Oficiais do Corpo da Armada e do Quadro Complementar do Corpo da Armada e Praças do Corpo da Armada para operar equipamentos de mergulho, armamentos, explosivos, utilizar técnicas e táticas para guerra não convencional e conflitos de baixa intensidade e capacitá-los para a realização das tarefas e atividades previstas no ComOpNav-544 (Manual de Operações Especiais).
DURAÇÃO DOS CURSOS
Curso de Aperfeiçoamento de Mergulhador de Combate para Oficiais (CAMECO) = 29 semanas.
Curso Especial de Mergulhador de Combate para Praças (C-ESP-MEC) = 24 semanas.
ESTRUTURA DOS CURSOS

O CAMECO está estruturado em cinco fases, a saber:

– FASE 0 – Instrução Básica de Aperfeiçoamento de Oficiais;
– FASE I – Instrução de Mergulho Básico;
– FASE II –Instrução de Operações Especiais em ambiente Terrestre; e
– FASE III– Instrução de Operações Especiais Submarinas.

a) A FASE 0 terá a duração de cinco semanas. Serão ministradas nesta fase as disciplinas: Treinamento Físico-Militar, Processo de Planejamento Militar e Estudo de Caso, Gestão Contemporânea, Noções Básicas de Gestoria e Liderança;
b) A FASE I terá a duração de quatro semanas. Serão ministradas as disciplinas: Treinamento Físico-Militar e Equipamento Autônomo de Circuito Aberto.
c) A FASE II terá a duração de dez semanas. Será dividida em duas etapas: teórica, com duração de seis semanas. Serão ministradas as disciplinas: Treinamento Físico-Militar, Higiene de Campanha e Primeiros Socorros, Defesa Pessoal e a parte teórica das disciplinas Comunicações, Técnicas de Combate, Demolição e Armamento.
Na etapa prática os alunos terão a oportunidade de realizar exercícios típicos de Operações Especiais em ambiente terrestre, evoluindo do treinamento básico individual às ações mais complexas, tendo como base as tarefas constantes do ComOpNav-544 (Manual de Operações Especiais). Com este enfoque, serão criadas situações específicas para preparar e testar a habilidade dos alunos em suportar situações operacionais de extremo desconforto, em condições psicológicas adversas, bem como avaliá-los quanto à exposição ao frio, ao sono escasso, ao cansaço e ao racionamento de comida e água, circunstâncias por vezes encontradas quando da execução das tarefas afetas ao Mergulho de Combate. Estes exercícios terão ainda como propósito desenvolver o espírito de equipe e a confiança individual na própria capacidade de resistência.
Esta fase será conduzida em áreas específicas, com características especiais que permitam a realização das instruções necessárias, relacionadas à topografia, vegetação, terreno, relevo, hidrografia, apoio administrativo e facilidades para operação com aeronaves, entre outras.

Na última semana desta fase, denominada “Semana do Inferno”, os alunos serão submetidos a circunstâncias de grande tensão e esforço físico, culminando com o aprisionamento em campo de concentração simulado, situações capazes de testar a disposição para o combate e para sobrevivência e fuga do aprisionamento. Esta é a melhor oportunidade do curso para a avaliação citada, por permitir melhores condições de simulação, com segurança.

d) A FASE III terá a duração de dez semanas. Será dividida em duas etapas: teórica, com duração de quatro semanas, e prática, com duração de seis semanas. Serão ministradas as disciplinas: Treinamento Físico-Militar, Defesa Pessoal, Operações Especiais Submarinas e Operações Anfíbias.

A etapa teórica das disciplinas da FASE III será ministrada no CIAMA. A etapa prática das disciplinas “Operações Anfíbias” e “Operações Especiais Submarinas” serão ministradas, preferencialmente, na área marítima da baia da Ilha Grande, ou em outra localidade que apresente condições similares para a execução das atividades programadas com segurança. A área escolhida com este propósito deverá apresentar requisitos especiais, tais como: boa transparência d’água; ausência de correntada; possuir instalações que possam servir como alvos para os exercícios programados; e, se possível, contar com o apoio administrativo de alguma OM da MB.

e) A princípio, o período de instrução realizado no CIAMA terá a duração de sete horas por dia e, fora daquele Centro de Instrução, quinze horas. Estes tempos poderão ser alterados pelo Encarregado da Escola de Operações Especiais, caso este julgue necessário suplementar algum conhecimento ou repetir alguma atividade programada, o que vai depender, basicamente, do aprendizado demonstrado pelos alunos.

f) A disciplina “Treinamento Físico-Militar” será ministrada em todas as fases do curso. Nesta disciplina, serão realizados intensos treinamentos físicos, como corridas, natações e ginásticas específicas, que serão aumentados gradativamente com o transcorrer do curso.

g) Imediatamente após a conclusão desta fase, com os alunos já formados, haverá um estágio de qualificação (Operações ribeirinhas no Pantanal Mato-grossense, Vida na Selva em Manaus/AM e Escalador Militar em São João Del Rey/MG) obrigatório, a ser realizado no CIAMA, que será normatizado por documento interno específico. O mesmo terá a duração de sete (07) semanas.
h) O C-ESP-MEC possui a mesma estrutura acima, exceto a Fase 0, exclusiva do CAMECO.

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