EJA – Estaleiro Jurong Aracruz: contrato histórico de R$ 10 bi

O Estaleiro Jurong Aracruz (EJA) ainda não foi implantado, mas já tem acordo assinado para a construção de sete navios-sonda. O valor dos contratos celebrados ontem, em Vitória, ultrapassa a cifra de R$ 10 bilhões e é "o maior investimento da história recente do Espírito Santo", lembrou o governador Renato Casagrande.

O empreendimento, que está em fase inicial de implantação em Barra do Sahy, Aracruz, vai transformar o perfil econômico do município do Litoral Norte do Estado. Estima-se que, no início da operação, em meados de 2014, os salários dos mais de 6 mil empregados do estaleiro injetarão cerca de R$ 20 milhões por mês na economia da cidade.

O EJA, segundo o prefeito Ademar Devens, vai marcar o segundo ciclo do desenvolvimento industrial de Aracruz. O início da industrialização local ocorreu há 40 anos, com construção da fábrica de celulose da Aracruz (hoje Fibria) e a implantação de Portocel, o terminal especializado no embarque de celulose.

O estaleiro deverá atrair para o seu entorno mais de 50 empresas, entre fornecedores de insumos e serviços e dessas, pelo menos 10 deverão ser de médio porte. As empresas atuarão no segmento de tubulação de aço, lançamento de cabos, andaime, pintura, componentes eletrônicos, entre outros.

Os contratos foram assinados entre o EJA e a Sete Brasil (empresa contratada pela Petrobras para o fornecimento de sondas de perfuração de poços de petróleo). O presidente da Sete Brasil, João Carlos de Medeiros Ferraz, disse que agora há dois grandes desafios a serem vencidos: a obra do estaleiro e a construção das sondas contratadas.

O presidente do EJA, Martin Cheah Kok Choon, afirmou que cogitou ir embora do Brasil, tamanho o nível da burocracia no país. Só não desistiu do projeto por causa do grande apoio que recebeu do governo estadual e da base e do presidente do grupo em Singapura.

A indústria naval, lembrou Casagrande, é uma atividade econômica nova para o Espírito Santo, que passará a ter seu polo naval. O secretário estadual de Desenvolvimento, Márcio Félix Carvalho, disse que o estaleiro "é o empreendimento dos sonhos" e vem em um momento de sobressaltos da economia mundial.

6 mil empregos e salário médio de R$ 3.000

Além da alta cifra dos investimentos – somados, o valor dos contratos e da construção do estaleiro ultrapassa R$ 11 bilhões – o empreendimento vai gerar cerca de 6 mil empregos quando estiver em operação. São funções qualificadas com remuneração média de R$ 3 mil.

Trabalharão no estaleiro, por exemplo, cerca de 300 engenheiros das diferentes áreas. Há ainda as dezenas de cargos técnicos com qualificação para as funções em uma empresa desse porte e atividade. Todos eles terão que receber treinamentos.

O presidente do Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), Martin Cheah Kok Choon, reafirmou que a mão de obra local será priorizada. No momento estão sendo ministrados os cursos para as pessoas que se candidatarão a vagas nas obras de implantação do estaleiro.

A capacitação para os que trabalharão quando o estaleiro estiver em operação começarão no próximo ano e os interessados podem se inscrever ou buscar informações no site www.jorong.com.br.

O EJA, segundo Cheah, está estimulando a implantação do curso de Engenharia Naval em Aracruz. O pró-reitor de Extensão e Produção do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Tadeu Pissinati, está participando das discussões.

Os três professores do Ifes que no próximo ano farão curso de especialização no Ngee Ann Polytechinic de Singapura deverão estar entre os profissionais que lecionarão no curso de Engenharia Naval. A ideia é que o curso seja implantado nos próximos três anos.

R$ 20 milhões – É quanto circulará, de salários, na economia do município, mensalmente

Negócios

Navios-sonda
O Estaleiro Jurong Aracruz (EJA) construirá sete navios-sonda para a Sete Brasil. Os contratos foram assinados ontem o valor passa dos R$ 10 bilhões.

Primeiro
O primeiro navio-sonda brasileiro será construído no EJA. O casco do navio está em construção no estaleiro Jurong em Singapura. Quanto o EJA estiver em operação, a sonda virá para ser finalizada.

2015
Junho de 2015 é o prazo que o estaleiro tem para entregar o primeiro navio-sonda para a Sete Brasil.

2019
A sétima sonda deverá ser entregue no final de 2019. A segunda estará pronta em abril de 2016. As demais deverão ser entregues oito meses após.

Tecnologia
O EJA será o único estaleiro no país que terá design e tecnologia próprios. O modelo dos navios-sonda que serão construídos no estaleiro é o Espadon Jurong, de propriedade da Jurong Shipyard. de Singapura.

Participação
Mesmo construídos no Espírito Santo, os navios-sonda não serão 100% brasileiros porque muitas de suas peças ainda não são fabricadas no país. A primeira sonda, por exemplo, terá 55% de participação brasileira, As demais terão participação maior, 65%

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