Bulgária critica exposição russa que exalta “libertação” do leste europeu na 2ª Guerra

A Bulgária criticou duramente uma exposição sobre a Segunda Guerra Mundial organizada pela embaixada da Rússia que lembra “a libertação do leste europeu do nazismo”, dizendo que a região na verdade foi sujeitada a meio século de repressão das “baionetas do Exército soviético”.

Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Bulgária — que durante décadas foi um satélite soviético no leste europeu e hoje é uma democracia ocidentalizada — exortou a missão russa em Sófia a “não assumir uma posição em apoio a uma reivindicação histórica dúbia” que tratou a chegada das forças soviéticas em 1944 como uma liberação.

O comunicado disse que essa posição equivale a uma interferência nos assuntos internos da Bulgária, hoje um membro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança liderada pelos Estados Unidos. Embora reconhecendo o papel essencial dos soviéticos na derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, a chancelaria disse que a União Soviética também isolou países do leste europeu do resto do continente brutalmente durante a Guerra Fria.

“As baionetas do Exército soviético trouxeram ao povo do leste e do centro da Europa meio século de repressão, a supressão da consciência civil, um desenvolvimento econômico deformado e um distanciamento dos países europeus desenvolvidos”, disse.

Apesar da crítica contundente, a Bulgária mantém laços essencialmente amistosos com a Rússia contemporânea, sua principal fornecedora de energia.

A exposição, chamada “75 Anos da Libertação do Leste Europeu do Nazismo”, fica aberta até o dia 9 de setembro no Centro Russo de Cultura e Informação de Sófia.

Um golpe dado em 9 de setembro de 1944, um dia depois de forças do Exército Vermelho invadirem a Bulgária, colocou o país na órbita soviética e o tornou um dos satélites mais obedientes à Moscou sob controle comunista linha-dura durante 45 anos.

Cerca de 30 anos após o colapso do comunismo, o país báltico, hoje governado pelo partido de centro-direita Gerb, ainda acerta as contas com seu passado.

Alguns búlgaros sentem saudades da criminalidade baixa, da educação gratuita e do sistema de saúde dos tempos comunistas, enquanto outros denunciam a repressão da dissidência e das liberdades individuais.

Apoiadores do Partido Socialista outrora comunista, a segunda maior facção política da nação, comemoram o 9 de setembro todos os anos e depositam flores em um monumento ao Exército soviético.

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