SIMDE – Discurso Dr. Carlos Erane de Aguiar

Discurso Dr. Carlos Erane de Aguiar – Presidente empossado SIMDE
 
Prezados senhores, senhoras e autoridades presentes,

É com grande honra que recebo a missão de estar à frente do Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa – SIMDE.

Tenham certeza de que não medirei esforços para fortalecer o SIMDE como representante patronal da nossa categoria, não apenas para o fortalecimento do setor, mas também ajudando na formulação de políticas públicas que tragam como resultado o desenvolvimento e a soberania do nosso país.

Têm sido louváveis os esforços empreendidos em várias frentes para que a indústria nacional de defesa e segurança se recupere do ostracismo a que foi relegada nos últimos 30 anos. 

Nesse sentido, gostaria de destacar a atuação da ABIMDE, do SIMDE e também da FIESP e da FIRJAN, que têm cada vez mais se envolvido nas questões específicas do setor. A criação do COMDEFESA, em São Paulo, e do Fórum Empresarial de Defesa e Segurança, no Rio, são exemplos disso. Mas podemos mais. 

As duas maiores federações das indústrias do Brasil se uniram com o objetivo comum de defender a indústria nacional. Esse exemplo deve ser seguido na área de defesa e segurança. Por isso, conclamo outras federações, em especial as do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, a fazerem o mesmo. Juntos, somos mais fortes. Juntos, podemos mais.   

Todos sabemos que a partir da década de 80 a indústria nacional de defesa viveu anos de aguda crise. Só agora voltamos a enxergar luz no fim do túnel. Se hoje vivemos tempos de otimismo, isso se deve aos esforços de entidades como o SIMDE e a ABIMDE, e também FIESP e FIRJAN, que tiveram papel importante na construção deste novo momento.

Mobilizamos esforços, buscamos canais de diálogo e avançamos bastante. Como diz o ditado: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Está aí o resultado. Mas precisamos ir além.  

Desde já eu me declaro, também, um soldado na luta pela redução da carga tributária e fiscal em nosso país, cuja balança internacional tanto desequilibra quanto penaliza a indústria brasileira.

O Governo Federal, finalmente, parece ter compreendido que o Brasil só será forte se puder defender as suas enormes riquezas da cobiça internacional, e que isso não se faz sem uma indústria nacional de defesa forte e competitiva.

Compreendeu, também, que o nosso setor mobiliza uma cadeia produtiva imensa, e que isso gera não só emprego e renda, mas, sobretudo, conhecimento tecnológico, sem o qual nenhum país pode ser soberano.  

Embora a indústria mundial de defesa movimente 1,5 trilhão de dólares por ano, a participação do Brasil tem sido insignificante,  pois sabemos que o nosso potencial de crescimento pode ser muito maior.    

Hoje, no orçamento de compras da União, estão previstos R$ 70 bilhões para serem investidos até 2015 no reaparelhamento das Forças Armadas. Mas é fundamental que façamos pressão para que esses recursos não sejam contingenciados, como de costume.  De acordo com dados da FIESP, somente 10% das empresas que venderam para o Ministério da Defesa entre 2008 e 2010 fecharam negócios por três anos consecutivos, expondo a inconstância das encomendas e a fragilidade a que estão submetidos nossos planejamentos.     

Devido à natureza de nossos negócios, nosso principal, e por vezes único cliente, é o governo. Dependemos dele para planejar a nossa produção e também dependemos da sua autorização para vender. Por isso, é fundamental que tenhamos canais de diálogo no Executivo e no Legislativo. Precisamos, também, dialogar mais com a mídia, que deve compreender o papel do setor de defesa para a estratégia de desenvolvimento da nação. São poucos, muito poucos, os formadores de opinião que enxergam isso com clareza.  
Desde o lançamento da Estratégia Nacional de Defesa (END), em dezembro de 2008, e a MP 544, em setembro de 2011, criou-se uma nova perspectiva sobre o tema defesa nacional. Entretanto, ainda há muita desinformação. Fala-se em protecionismo, quando na verdade só reivindicamos isonomia.

A lei 12.598, de 2012, representa um imenso avanço no que diz respeito à pesquisa. Mas, precisa o quanto antes ser regulamentada.

Aplaudimos o chamamento do Ministério da Defesa às maiores empresas do Brasil para que cerrem fileiras com a nossa indústria de defesa nos próximos anos.  Pois, ao fomentar a entrada desses grandes conglomerados na indústria de defesa, o país está incentivando a criação de grupos robustos o bastante para competir globalmente, aumentar a nossa pauta de exportações e, consequentemente, injetar mais recursos na balança comercial.

O que não significa que as pequenas e médias empresas estejam à margem desse círculo virtuoso que se avizinha. Pelo contrário. Sem elas, que fazem parte da cadeia produtiva do nosso setor, a indústria de defesa nacional não existiria.  Elas são estratégicas e assim devem ser tratadas, principalmente pelo elevado conteúdo nacional. Continuaremos a dar apoio a essas empresas quando da participação nos grandes eventos, em feiras no exterior, workshops e missões institucionais e, para isso, a parceria que temos com a APEX é fundamental.

Por isso, aproveito o momento para conclamar as pequenas e médias empresas do segmento de defesa a se associarem ao Sindicato, para que  trabalhemos juntos. Pois, unidos, seremos mais fortes.

O historiador da Universidade de Harvard, David Landes, diz que investir em defesa e segurança pública é mais do que colocar ordem nas ruas e assegurar a paz e a soberania de um país. Segundo ele, trata-se, antes de tudo, de uma estratégia para o desenvolvimento.  E a política de pacificação no Rio de Janeiro comprova isso.

É pensando sob esse prisma que assumo hoje este Sindicato, com muita disposição para fazer o meu melhor.

Gostaria de agradecer a presença de todos e assegurar minha total disponibilidade e empenho à frente do SIMDE, em prol das causas da nossa indústria de defesa e do Brasil.

Muito obrigado!

Dr. Carlos Erane de Aguiar
Presidente empossado SIMDE

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