Taurus Armas e Jindal Group firmam joint venture para produzir armas na Índia

Com base no LRCA Consulting

27 Janeiro 2020

Após quase um ano de negociações com grupo indiano Jindal, a empresa gaúcha Taurus Armas S.A., por meio de Fato Relevante (comunicado) divulgado nesta manhã (ver box), informou que foi assinado nesta segunda-feira (27JAN2020) um acordo definitivo para criação de uma joint venture que permitirá a fabricação e comercialização de armas na Índia. A assinatura da parceria aconteceu durante a missão comercial do governo brasileiro à Índia, em reunião entre empresários indianos e brasileiros, e contou com a presença de autoridades do Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Defesa e Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD).

 

TAURUS ARMAS S.A.

COMPANHIA ABERTA

CNPJ/MF Nº 92.781.335/0001-02

NIRE 43 3 0000739 1

FATO RELEVANTE

São Leopoldo, 27 de janeiro de 2020 – A Taurus Armas S.A., (“Companhia ou “Taurus”), listada no Nível 2 da B3 (Símbolos: TASA3, TASA4), em cumprimento ao disposto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada (“Lei das Sociedades por Ações”), e na regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”), em especial a Instrução da CVM nº 358, de 3 de janeiro de 2002, dando continuidade aos Fatos Relevantes divulgados em 18 de fevereiro, 22 de agosto e 25 de novembro de 2019, vem informar aos seus acionistas e ao mercado que, após concluído os estudos de viabilidade e autorização do seu Conselho de Administração em reunião realizada em 22 de janeiro de 2020, foi assinado, nesta data, um acordo definitivo para criação de uma joint venture que permitirá a fabricação e comercialização de armas na Índia. O acordo de associação prevê condições precedentes.

A assinatura da sociedade, aconteceu durante a missão comercial do governo Bolsonaro, o que ratifica a importância desta operação entre o Brasil e a Índia.

A Jindal Group, maior fabricante de aço da Índia e uma das dez maiores do mundo, detentora de um faturamento anual superior a US$ 24 bilhões e com 200 mil funcionários no mundo é a sócia da Taurus, com 51% do capital da joint venture e a Taurus, 49% do capital.

 

A Joint Venture criada irá implantar uma fábrica de armas na Índia, onde serão produzidos fuzis, pistolas e revólveres, para os mercados civis, de segurança pública e militar.

A celebração desse acordo é um passo importante na estratégia global da Taurus e colocará à empresa em uma posição de destaque no mercado mundial de armas, o que comprova que a gestão atual da empresa está alinhada com os movimentos mundiais do setor. A Taurus segue firme no processo de restruturação baseado em rentabilidade sustentável, qualidade e melhora dos indicadores financeiros e operacionais, além do forte investimento no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias.

A Taurus manterá seus acionistas e o mercado devidamente informados sobre eventuais novas informações a respeito da matéria tratada neste Fato Relevante

 

SERGIO CASTILHO SGRILLO FILHO

DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO

DIRETOR DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES

TAURUS ARMAS S.A.

Salésio Nuhs, Presidente e CEO global da empresa, assim se pronunciou “É um passo muito importante para o futuro da Taurus. Temos 80 anos no Brasil e uma fábrica nos Estados Unidos há 40 anos. Porém, pela primeira vez, estamos num programa de transferência de tecnologia na área de Defesa de governo, de uma grande economia mundial, segundo maior comprador de armas do mundo, a Índia. Brasil e Índia, duas potências econômicas mundiais. Taurus e Jindal, dois grupos econômicos que são referência no mundo em suas áreas de atuação. Queremos montar uma fábrica aqui na Índia que será referência mundial, a exemplo das nossas fábricas no Brasil e nos Estados Unidos”.

 

O Jindal Group é um dos mais poderosos grupos industriais indianos, além de ser o maior fabricante de aço da Índia e um dos dez maiores do mundo, com um faturamento superior a US$ 24 bilhões e com 200 mil funcionários no mundo, sendo 45 mil deles somente na divisão de aço.

 

Na joint venture, a Taurus ficará com 49% e o grupo indiano com 51% do empreendimento. O aporte da empresa brasileira se dará por meio da transferência de tecnologia para o Jindal Group, ou seja, não haverá dispêndio financeiro por parte da Taurus.

 

A parceria resultará no estabelecimento de uma grande fábrica de armas na Índia, aproveitando a recente abertura do mercado de defesa desse país a iniciativas abrigadas no programa "Make in India", que contam com o total apoio e incentivo do governo indiano.

 

As armas produzidas para o mercado civil terão a marca “Taurus”; as produzidas para o mercado militar terão a marca “Taurus Jindal”, com o início da produção ocorrendo ainda em 2020.

 

Salésio Nuhs e membros do Jindal Group assinam a Joint Venture

 

Desde sua fundação em São Leopoldo-RS no ano de 1939, este é o maior e mais significativo negócio da história da Taurus Armas.

Produção de fuzis CQB e pistolas

Dentre as múltiplas possibilidades de negócios no imenso mercado militar e civil indiano, despontam as referentes a fuzis CQB e pistolas para as forças armadas, paramilitares e policiais.

Até poucos anos sob o domínio completo do governo, a produção de munições e de armas portáteis (fuzis, metralhadoras de mão e pistolas) era feita por empresas pertencentes ao Departamento de Defesa, o que gerou uma grande defasagem tecnológica em relação aos modernos produtos existentes no mundo.

1. Fuzis CQB

O governo da Índia está realizando uma milionária licitação internacional para adquirir uma grande quantidade de fuzis CQB (close-quarter-battle) para equipar suas forças policiais e militares. Estas armas nada mais são do que fuzis de assalto menores e com um cano mais curto, comparativamente mais leves e fáceis de manusear do que o fuzil de assalto, sendo adequados para operações policiais ou militares que requeiram combates a curta distância.

 

O fuzil Taurus T4, em suas três versões, é o grande trunfo da empresa para essa licitação.

 

Adotado, desde o segundo semestre de 2017, como arma padrão pela Polícia Real de Omã, que importou 10 mil unidades, o Fuzil T4 produzido pela Taurus Armas S.A. em São Leopoldo-RS é um dos atuais carros-chefes da empresa para os mercados policial e militar do Brasil e do exterior.

No Brasil, o T4 é utilizado com sucesso pelas polícias militares e civis de diversos Estados. Recentemente, venceu uma licitação internacional para equipar a Polícia Civil do Estado de São Paulo.

 

É baseado na consagrada plataforma M4/M16, amplamente empregada pelas forças militares em todo o mundo e, principalmente, pelos países membros da OTAN, por ser considerada uma arma extremamente confiável, leve e de fácil emprego e manutenção.

 

Além disso, tem alta performance, confiabilidade, segurança e é fabricado com materiais de última geração, sendo adaptado para permitir o uso de uma vasta gama de acessórios.

Segundo a Taurus: “Existe uma expectativa de o governo comprar meio milhão de fuzis em cinco anos”.

2. Pistolas

A pistola padrão das forças armadas, paramilitares e policiais indianas é a Pistol Auto 9mm 1A, uma antiga e obsoleta pistola semiautomática de ação simples, cópia licenciada da pistola Inglis 9mm (Browning Hi-Power), fabricada sob licença na Índia pela empresa estatal Rifle Factory Ishapore desde 1981. A Hi-Power foi descontinuada em 2017 pela Browning Arms, mas permanece em produção sob licença e ainda é utilizada como pistola padrão pelas forças armadas e policiais de diversos países.

Em virtude dessa obsolescência, a joint venture entre a Taurus Armas S.A. e o Jindal Group poderá também fabricar a nova pistola padrão para as forças armadas, paramilitares e policiais. Para estas áreas, a Taurus disponibiliza pistolas de última geração, como a TS9, por exemplo.

A Taurus Striker TS9, no calibre 9mm, foi adotada pela Polícia Nacional da Filipinas – uma das mais exigentes do mundo – como resultado de uma licitação internacional no final de 2018. A aquisição de um grande lote inicial de 10 mil pistolas Striker TS9 foi realizada após as armas passarem por um dos mais rigorosos processos de avaliação, incluindo teste de resistência de 20.000 disparos, onde as amostras foram aprovadas sem nenhum incidente, atendendo plenamente os requisitos da Norma NATO AC-225.

 

Um mercado que impressiona pelo tamanho

 

O segundo país mais populoso do mundo (1,37 bilhão de pessoas) é considerado também uma das maiores potências militares do planeta, atrás apenas dos EUA, Rússia e China. Com mais de 1,3 milhão de homens e mulheres a serviço da nação, a Índia possui a quarta maior força militar do mundo em termos de efetivo, segundo levantamento da Global Firepower. Seu orçamento de defesa para 2018 foi de 45 bilhões de dólares previstos, embora haja fontes que situem os gastos militares do país nesse ano entre 62 e 66,5 bilhões de dólares (Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo – Sipri).

 

Na área de Segurança Pública, a Índia possui 1,4 milhão de policiais e cerca de sete milhões de agentes de segurança particulares, sendo um dos países do mundo em que o efetivo de agentes de segurança pertencentes às empresas particulares do setor supera em muito o efetivo policial. Seja como for, o número de agentes e policiais armados impressiona.

 

Uma joint venture bilionária

 

O objetivo final da joint venture com o poderoso Jindal Group é montar uma grande fábrica nesse país e passar a fabricar e comercializar todo o seu portfólio de armas.

 

Segundo o comunicado da Taurus: “A empresa indiana está apta a participar de processos licitatórios realizados pelo governo da Índia, oferecendo as pistolas, revólveres, carabinas, fuzis e submetralhadoras que a Taurus fabrica, abastecendo o imenso mercado militar, policial e de segurança privada”.

Com a associação ao Jindal Group, a Taurus Armas conquistou um poderoso aliado com porte suficiente para abrir o imenso mercado indiano e de outros países asiáticos aos seus produtos.

A Era Taurus

Conforme esta consultoria divulgou no relatório atualizado na análise divulgada em 15 de dezembro (“O turnaround da Taurus Armas”), as profundas transformações efetuadas na empresa desde 2017, o novo cenário brasileiro, a entrada em operação da nova fábrica nos Estados Unidos (duplicando a capacidade produtiva naquele país), o agora confirmado estabelecimento de uma fábrica na Índia e a agressiva conquista de importantes mercados internacionais têm tudo para tornar a década em curso uma era de ouro na história da companhia – a Era Taurus, representando um auspicioso e ímpar momento para a empresa gaúcha, que realizou uma completa reengenharia em seus processos e, num verdadeiro turnaround, passou a oferecer somente produtos de alta qualidade e com inovações tecnológicas, voltando a ser lucrativa e a ter excelentes perspectivas.

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