A OTAN confirmou nesta sexta-feira que interceptou um avião russo que não informou sobre seu plano de voo nas proximidades do espaço aéreo aliado sobre o Mar Báltico, um procedimento habitual quando uma aeronave não se identifica ou não avisa de seu percurso.
"Na quarta-feira pela noite, dois F-16 interceptaram um avião russo Ilyushin sobre águas internacionais e o guiaram até entrar no espaço aéreo (russo) de Kaliningrado", confirmaram à Agência EFE fontes do quartel-general militar da OTAN (Shape), em Mons, na Bélgica.
Conforme explicaram, a aeronave russa estava "sob controle de tráfego", mas não tinha enviado plano de voo, por isso foi interceptada pelos dois caças holandeses.
"Em nenhum momento a aeronave russa violou o espaço aéreo aliado, que se estende a 12 milhas náuticas (22.224 km) a partir da terra", esclareceram.
Ainda conforme as fontes, quando um avião se aproxima do espaço aéreo da OTAN, caças são lançados para interceptar, identificar e escoltar, sendo "um procedimento padrão". Além disso, houve um aumento no número de aviões russos que se aproximam ao espaço aéreo da OTAN desde o início da crise na Ucrânia.
A OTAN já realizou mais de 100 intercepções em 2014, "aproximadamente três vezes mais do que em 2013". Desse total, a grande maioria ocorreu em espaço aéreo internacional sobre o Mar Báltico, no corredor aéreo entre Kaliningrado e o território da Rússia.
Na opinião da Aliança Atlântica, estes voos representam, além disso, um "risco potencial para a aviação civil, dado que os militares russos não costumam informar seus planos de voo nem utilizam transponders a bordo".
"Isto significa que o controle do tráfego aéreo não pode detectar estas aeronaves nem garantir que não haja interferência com o tráfego aéreo civil", concluíram as fontes.
A ministra da Justiça Holandesa, Jeanine Hennis, afirmou hoje para diversos meios de comunicação de seu país em referência a este incidente aéreo que a Rússia "está atuando cada vez mais de forma taxativa e agressiva".
A Holanda tem, atualmente, cinco F-16 estacionados na Polônia desde setembro que participam da ronda habitual da Otan de vigilância do Báltico.
Para a emissora pública "NOS", Jeanine disse que Putin "está mostrando a superioridade econômica, política e militar da Rússia" em sua "atuação desestabilizadora no leste da Ucrânia".
"Não acho que estejamos ameaçados em nível territorial, mas é irritante e desnecessário", acrescentou ela sobre o voo russo interceptado.
A Organização sobre a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) alertou que nos últimos dias aumentou o número de veículos, equipes militares e tropas sem identificação que entram no leste da Ucrânia, controlado por separatistas pró-Rússia, procedentes da vizinha Rússia.
Por sua vez, o comandante supremo da OTAN na Europa, o general americano Philip Breedlove, garantiu nesta quarta-feira durante uma visita a Bulgária que os aliados detectaram maior presença na zona de conflito na Ucrânia de tropas, tanques, peças de artilharia e sistemas de defesa antiaéreo russos. EFE