SJC – Após inauguração, aeroporto fica as moscas


Júlio Ottoboni
Especial DefesaNet

 


Depois do investimento de R$ 16,7 milhões, ampliação da área do terminal, 15 balcões novos para check-in e 320 vagas de estacionamento e contratação de empreiteira em caráter de urgência, o Aeroporto Internacional Professor Urbano Ernesto Stumpf, de São José dos Campos, está as moscas. Ele perdeu seus últimos voos comerciais. Isso depois de ter sido reinaugurado pela segunda vez no ano no último dia 13, com presença de ministros e de diversos políticos em plena campanha eleitoral.

O baque ainda não foi digerido pela cidade, que em menos de dois anos perdeu voos com destino a 12 cidades. A única companhia aérea comercial a ter escala na cidade, a  Azul, anunciou oficialmente no último dia 25 que encerrará os seus voos no terminal a partir do dia 13 de novembro. Com isso a cidade não tem mais voos comerciais.

O declínio do aeroporto está intimamente ligado ao esvaziamento do polo fabril de São José, com a evasão de empresas e o alto grau de dificuldades para atrair novas indústrias para a região do Vale do Paraíba. O movimento de passageiros domésticos este ano foi de 60.704 contra os 121.657 registrado no mesmo período no ano passado.

 O aeroporto de São José dos Campos está cinco vezes maior e com capacidade para atender de 550 a 600 mil passageiros por ano. Apesar da reforma, até agosto foram registrados apenas 60 mil passageiros. Isso é  menos da metade do movimento do mesmo período do ano passado, quando 122 mil pessoas se utilizaram do terminal.

Pelos dados da Infraero, o volume de passageiros domésticos no terminal teve uma queda de 50% de janeiro a agosto deste ano se comparado ao período de 2013. O número de usuários de voos comerciais no ano passado foi de 159 mil passageiros contra 212 mil, em 2012.

 Em 2013, o aeroporto oferecia voos para Belo Horizonte, Curitiba e Campinas. A Gol, Trip e a TAM deixaram de operar o aeroporto, assim como a Avianca, isso a partir de 2012. A maior debandada foi no ano passado. Antes, porém,  a cidade tinha voos para Cuiabá, Maringá, Porto Alegre, Goiânia, Brasília e Vitória, além de São Paulo.

Pelas informações da Infraero, que administra o aeroporto, a entrega do novo terminal os usuários do aeroporto passaram a contar com uma nova sala de embarque e desembarque de aproximadamente 1,2 mil m², um novo saguão de embarque e  modernos balcões de check-in. As obras de ampliação, iniciadas em julho de 2013, visavam atender a demanda da Copa do Mundo da Fifa. O que também não aconteceu.

De acordo com a empresa de infra estrutura aeroportuário, os trabalhos representaram um investimento com dinheiro vindo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e foi aplicado na ampliação a área do terminal de passageiros passou de 800 metros quadrados para 5,8 mil m² e criação de novas vagas no estacionamento.

A companhia, a única que mantinha voos comerciais na cidade, alega baixa demanda de passageiros em São José dos Campos para abandonar o município, mesmo com a prefeitura local prometendo uma nova investida de companhias aéreas regionais por conta da nova estrutura. A alternativa para embarque para o restante do país ficou sendo Guarulhos, a 70 quilômetros de distância.

Em nota, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras informou ter feito essa opção pelo baixo movimento do aeroporto e sua saída se dará no dia 13 de novembro. Com isso se encerra um ciclo iniciado em outubro de 2010. A operadora mantém dois voos diários e um aos domingos, com destinos para o Rio de Janeiro e Belo Horizonte

A inauguração da expansão, no dia 13 de setembro, teve a participação dos ministros da Aviação Civil, Moreira Franco, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e foi marcada por uma grande festa política ligada a reeleição presidencial. São José dos Campos é a segunda cidade mais populosa do interior de São Paulo, só ficando atrás de Campinas, e considerada o maior centro de tecnologia e indústrias aeroespaciais do hemisfério sul.

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