Unasul e Vaticano pedem fim da troca de acusações na Venezuela

Os mediadores do diálogo entre o governo da Venezuela e a oposição pediram, nesta quarta-feira (16), que "se ponha fim à campanha de desqualificações públicas" para fazer avançar o processo que busca reverter a crise política e econômica no país.

"Fazemos um apelo a todas as autoridades políticas do Governo Nacional e da Mesa de Unidade Democrática (MUD) para que respeitem o espírito e o conteúdo da Declaração Conjunta 'Conviver em Paz' (aprovada em 12 de novembro)", afirma um comunicado divulgado pela secretaria da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

O documento inclui o pedido para que "se ponha fim à campanha de desqualificações públicas que não contribuem para a convivência pacífica" na Venezuela, com o objetivo de "preservar as conquistas" alcançados até agora.

A secretaria-geral da Unasul, o representante do Vaticano, monsenhor Claudio María Celli, e os ex-presidentes Leonel Fernández, José Luis Rodríguez Zapatero e Martín Torrijos acompanham o diálogo entre o governo e a oposição.

No sábado passado, ambas as partes se comprometeram a manter "uma convivência pacífica, respeitosa e construtiva", de modo a encontrar um caminho para solucionar a crise.

Nos acordos anunciados, não há menção à exigência da oposição de reativar um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, ou de antecipar eleições para o primeiro trimestre de 2017.

A próxima reunião entre os delegados do governo e da oposição está prevista para 6 de dezembro.

Venezuela deixa sessão da OEA contra projeto de declaração por diálogo

A Venezuela se retirou, nesta segunda-feira (16), de uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), denunciando que a declaração em apoio ao diálogo nesse país foi preparada sem seu consentimento.

"Ainda que pareça uma contradição, não podemos acompanhar um projeto de declaração, onde se violaram dois princípios sagrados para nós, nem pode a Venezuela consentir que se opine sobre a Venezuela", disse a representante suplente de Caracas na OEA, Carmen Velásquez.

Em solidariedade, a Bolívia denunciou um Conselho Permanente "ilegal e ilegítimo" e também deixou a sala da OEA, sediada em Washington.

Os 34 países da OEA discutiam nesta quarta-feira um projeto de declaração, apresentado por Brasil, Argentina, Canadá, Honduras, Estados Unidos e Peru, para apoiar a instalação de um diálogo entre o governo venezuelano e a oposição.

No texto, os países incentivam o governo do presidente Nicolás Maduro e a coalizão opositora MUD a "alcançarem resultados concretos em um prazo razoável para por um fim à difícil situação que a Venezuela atravessa".

Também conclama os atores políticos a agirem "com prudência e evitar qualquer ato de violência ou ameaças ao processo em marcha".

Mas a representação de Caracas denunciou que os países violaram os princípios de não ingerência em assuntos internos e de soberania, ao discutir o projeto "nas costas da Venezuela", disse Velásquez.

"Sabemos que existem atores nesta organização que não favorecem o diálogo e que apostavam em que a situação na Venezuela tomasse outro caminho", destacou.

Mas os países promotores do texto defenderam a legalidade da convocação, destacando, ainda, que a OEA tem uma responsabilidade em se expressar sobre a situação venezuelana.

"O projeto foi consultado por todas as partes", disse o embaixador mexicano, Luis Alfonso del Alba.

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